Exclusiva: Gabriel Santana reflete sobre carreira e bissexualidade no “BBB”

 

Gabriel Santana
Gabriel Santana (Foto: Reprodução)

Exclusiva: Gabriel Santana reflete sobre carreira e bissexualidade no “BBB”

Gabriel Santana já era um rosto conhecido quando entrou na 23 edição do Big Brother Brasil”. Com papeis queridos pelo público mais jovem, como o Mosca de “Chiquititas” ou o Renato do remake de “Pantanal”, o ator logo foi apontado como um dos favoritos e surpreendeu ao longo de 11 semanas com suas camadas — como a revelação da bissexualidade em rede nacional, por exemplo. 

Em certo momento, tinha até esquecido que antes do programa eu não era bissexual assumido. Quando saí e fiquei sabendo da repercussão, me lembrei”, disse o ex-brother em entrevista exclusiva ao MixMe. De acordo com Santana, sua motivação inicial para aceitar o convite para o reality show foi sua carreira profissional. “A visibilidade que tive lá seria algo que eu só conseguiria com mais 25 ou 10 anos de carreira”, refletiu.

De volta à vida real, o artista ficou surpreso com a recepção do público, mas de forma positiva e foi elogiado até por Luciano Huck. Agora, Gabriel vai apostar em todas suas facetas artísticas e focar também na moda — não é por acaso que ele tem se expressado cada vez mais por meio de seus looks (alô, cropped). “(Não percebia) quão político meu corpo era e quão político eu sou em todas as minhas representatividades.”

Leia o bate-papo na íntegra abaixo: 

Você é um artista com uma carreira se solidificando. Como o Big Brother mudou a perspectiva sobre a sua vida profissional?

Acho que o “Big Brother” foi um grande catalizador para minha carreira, porque a visibilidade que tive lá seria algo que eu só conseguiria com mais 25 ou 10 anos de carreira. Então, o programa ajudou muito a dimensionar meu nome para o Brasil inteiro.

Isso com certeza ajuda muito porque, atualmente, a carreira de um ator e a carreira artística de qualquer artista depende muito do quanto ele é conhecido e visto pelo público. Vejo o reality show como uma grande oportunidade de acelerar esse processo.

Qual a maior dificuldade em ser confinado e ficar meses longe do mundo real?

Minha maior dificuldade era saber como estava o mundo aqui fora, como as pessoas estavam me vendo. De fato, a gente não recebe informação nenhuma aqui de fora, então por já ter uma trajetória antes do programa e tentado o “BBB” justamente para potencializar minha carreira, não sabia como o público tava me vendo. Isso gerava ansiedade e insegurança lá dentro.

Qual era sua estratégia de jogo? Agora que você está do lado de fora, teria feito diferente?

Minha estratégia de jogo foi desde o começo ser eu mesmo e, independentemente de qualquer coisa, não ceder ao que os outros pensam só por conta de game. Claro que dentro de tudo isso inclui eu ser uma pessoa muito competitiva. Estávamos jogando em tempo real. Combinei voto, montei estratégia, mas pelo visto não era exatamente o que o público queria ver, por isso que eles me tiraram. 

Mas acho que não deveria ter feito algo diferente porque fui o que sou aqui fora e não mudaria nada do que sou por um prêmio milionário. Não feriria nada do que acho certo ou errado, minha ética, moral, por conta do prêmio. Saí muito vencedor porque não cedi a ser quem não sou. Segundo, porque o público viu de alguma forma, pelo que tenho ouvido nas ruas, nas redes sociais — e até do próprio Luciano Huck –, que sou uma pessoa muito boa, com coração muito grande. No fim, sempre quis mostrar para os outros. 

Durante o programa, você falou sobre bissexualidade abertamente. Como foi acompanhar a repercussão sobre sua sexualidade aqui fora?

Em certo momento, tinha até esquecido que antes do programa eu não era assumido porque a galera da casa sempre foi muito tranquila em relação a isso.  Quando saí e fiquei sabendo da repercussão, me lembrei que quando entrei na casa, não era bissexual assumido, mas acho que de uma maneira geral as pessoas receberam muito bem e me acolheram muito.

Gabriel Santana
Gabriel Santana (Foto: Divulgação)

E o outro lado?
Acho que tem uma parte da sociedade, tanto heteronormativa quanto dentro da própria comunidade LGBTQIAPN+, que tem um discurso de invisibilizar a bissexualidade, mas isso fala muito mais sobre eles do que sobre mim. No geral, a repercussão pós BBB tem sido muito boa e muito acolhedora.

Você tem apostado em umas roupas com cortes genderless. Como a moda tem te ajudado a se expressar?

Acredito que moda pode ser tanto algo castrador quanto algo libertador.  Depende de como você encara e se expressa através dela. Por muito tempo, acho que usei a moda simplesmente como uma forma de investimento sem perceber quão político meu corpo era e quão político eu sou em todas as minhas representatividades.

Quando decidi não ter medo de assumir quem sou e não ter medo de representar quem sou, acho que a moda me ajudou muito nesse lugar de ser uma extensão do meu corpo e do que quero representar, tanto na minha carreira artística quanto na minha vida pessoal. A moda ajudou a me desconstruir muito e a me expressar enquanto Gabriel Santana.

E com o preconceito, como tem lidado?

Acho que o preconceito dos outros é muito mais sobre a forma como eles enxergam o mundo, não sobre o que eles acham necessariamente de mim. Tenho certeza que se as pessoas me conhecessem como sou, como falo, como ajo, não existiria esse preconceito.

Então, tenho que entender que essas palavras preconceituosas os gestos e ações preconceituosas que os outros tentam expressar para mim na verdade é muito mais eles falando deles mesmos do que falando de mim. Dificilmente, isso me afeta. Óbvio que sou ser humano. Tenho minhas fragilidades, sensibilidades… então, em algum momento isso pode chegar a me afetar, mas é bem difícil.

Como tem sido os xavecos atualmente? Mais de mulheres ou de homens?

Eu não sei mais como flertar por redes sociais. Estou muito destreinado. Dois meses e meio sem mexer no celular, sai aqui e vi que já não sabia flertar direito. Pelo celular, menos ainda. Nas redes sociais, as pessoas que mais acessam as redes sociais são mulheres e esse número tem ficado mais equilibrado.

Só que estatisticamente tem mais mulheres. Então, acabo recebendo mais cantada de mulheres, o que foi uma surpresa grata. Acreditei que, pelo fato de me assumir bissexual, isso geraria certo afastamento do gênero feminino por conta de relações que eu já tive antes de entrar no programa.

Surpreendentemente, por mais que tenha chegado cada vez mais homem mandando direct, essas coisas, a maioria ainda é de mulheres.  Mas estou muito focado no trabalho mesmo e em construir minha carreira pós BBB então nem flertar direito, estou flertando. Estou mais focado.

Gabriel Santana
Gabriel Santana (Foto: Reprodução)

O que podemos esperar do Gabriel a partir de agora?

Grande parte que vocês podem esperar do Gabriel é o que vocês viram dentro do “BBB”. O Gabriel ser essa pessoa doce, tranquila, sensível, o mais justo possível, que quando erra com certeza vai assumir o erro e se desculpar. Artisticamente falando, acho que podem esperar grandes novidades tanto no mundo da moda quanto em projetos pessoais meus e também em convites que já venho recebendo para áudio visual com certeza vão se confirmar e será muito legal os projetos para esse ano de 2023.