Ludmilla acerta e derrapa ao se arriscar em diferentes gêneros em ‘Vilã’

Ludmilla
Ludmilla acerta e erra em seu novo álbum, Vilã. (Foto: divulgação).

[Crítica] Ludmilla acerta e derrapa ao se arriscar em diferentes gêneros em ‘Vilã’

Após conquistar território no pagode e quebrar barreiras como o mais novo ícone feminino do gênero, Ludmilla retorna para o pop porém sem nenhuma acomodação. Em “Vilã”, seu novo álbum, a cantora continua explorando diferentes gêneros musicais e paga o preço do desafio em uma sequência de potenciais hits e alguns tropeços.

Ao longo das 15 faixas, a estrela pop brasileira experimenta com o rap e o trap, aprimora a veia r&b, já destacada na era “Numanice”, e mantém a excelente aposta no afrobeat, cercada de boas parcerias internacionais. Essa mistura, rende bons momentos, mas também não deixa de ter as suas derrapadas.

Ludmilla no trap

No rap e no trap, Ludmilla ainda está iniciante e não é difícil de notar que ela ainda tem o que aprimorar em suas rimas e no seu flow. Muito do que a cantora traz no álbum ainda não sai da cartilha básica do hip hop nacional da última década. Os melhores momentos estão nas parcerias, como é o caso de Tasha e Tracie em “Sou Má”. e “Solteiras Shake” com o DJ Gabriel do Borel.

Outro ponto que acaba tirando a força que sua performance no gênero poderia ter é que, conceitualmente, “Vilã” é um  álbum fraco, já que a ideia de vilania, que é bastante rica e poderia se desdobrar em muitos caminhos interessantes, que conversam com a trajetória da artista, é pouco trabalhada na obra. Sendo explorada mais claramente apenas no início com “Nasci Pra Vencer” e “Sou Má”.

Pontos fortes

No entanto, em outro pontos, a cantora acerta em cheio, como é o caso de suas performances no r&b em faixas como “5 contra 1”, as baladas “Sintomas de Prazer”, “Eu Só sinto Raiva” e “Me Deixa Ir”; e as sensuais “Malvadona”, “Make Love”. Esse conjunto mostra o quanto a artista explora o gênero com conforto, confiança e sensibilidade com suas famosas “canetadas”.

No funk, Ludmilla continua sendo mestre. “Vilã” traz uma nova leva de boas músicas no gênero que carregam toda a experiência da artista acumulada ao longo dos anos, desde que surgiu como MC Beyoncé, até se tornar uma das maiores artistas do pop brasileiro, sempre mantendo sua verve para fazer hits.

“Senta e Levanta” conquista nos primeiros segundos, com o toque do sax e a batida que te convida para dançar imediatamente e “Todo Mundo Louco” um experimento entre funk e música eletrônica com participação de Capo Plaza, Tropkillaz e Ape Drumas. Vale destacar também o flerte de Ludmilla com a cena latina com a excelente “Vem por Cima”, parceira com a boyband Piso 21.

Não pode ficar de fora o já consagrado hit “Socadona”, excelente colaboração com a contagiante participação da estrela americana de reggaeton Mariah Angeliq, que não perde força e soa como nova dentro do álbum. Em geral, as colaborações com nomes internacionais mostra que a brasileira está pronta para voos maiores.

Em “Vilã”, Ludmilla mostra que quer continuar entre os nomes que definem os rumos do pop, ao passar longe da zona de conforto e se arriscar em diferentes sons. Apesar de alguns tropeços e se encarado sem super expectativas, o projeto é um bom disco pop e deve ganhar força com o tempo, se mostrando mais um êxito.