Caso Lucas Terra: Após 22 anos do crime cruel, acusados vão a júri popular

Após 22 anos do assassinato cruel de Lucas Terra, acusados vão a júri popular
Lucas Terra com 14 anos (Reprodução: TV Bahia)

Caso Lucas Terra: Após 22 anos do crime cruel, acusados vão a júri popular

Dois pastores evangélicos acusados de assassinarem o adolescente Lucas Vargas Terra, no ano de 2001, serão julgados nesta terça-feira (25), em Salvador. O júri será realizado no Fórum Ruy Barbosa, e a previsão é de que será concluído na sexta-feira (28). Lucas Terra tinha 14 anos. Ele teria sido estuprado pelos pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva, após flagrar uma relação sexual entre os dois, dentro de um templo da Igreja Universal do Reino de Deus, na capital baiana.

Relembre o caso

Depois de estuprarem Lucas, os dois réus teriam colocado o adolescente dentro de uma caixa de madeira e o queimaram vivo em um terreno baldio. Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva serão julgados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Os três agravantes para o homicídio são: 1) o motivo torpe (motivo desprezível para a sociedade); 2) o emprego do meio cruel (fogo); e 3) a impossibilidade de defesa da vítima. A defesa dos pastores disse, em nota, estar convicta da inocência deles, e que não há provas ou indícios contra os dois pastores, Joel Miranda e Fernando Aparecido.

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) não informou se eles também irão a júri pelo abuso sexual. Além deles, um terceiro pastor, o Silvio Galiza, também foi acusado do crime, condenado e preso em 2007 por ter ajudado a queimar Lucas, mas teve pena reduzida e ganhou liberdade condicional, em 2012. Joel Miranda: na época do crime, Joel era pastor da Igreja Universal no Rio Vermelho – onde o estupro ocorreu. Após o crime, ele se mudou para o Rio de Janeiro, onde até 2022 comandava uma igreja.

Fernando Aparecido da Silva: em 2001, ele trabalhava no Templo da Pituba. Após o crime, ele passou a comandar uma igreja em Minas Gerais. O crime aconteceu no dia 21 de março de 2001, dentro de um templo da Igreja Universal do Reino de Deus, no bairro do Rio Vermelho. Na época, o pai da vítima contou que o adolescente foi estuprado após ter flagrado os pastores Joel e Fernando tendo relações sexuais.

Mãe de Lucas Terra comemora audiência no júri

“São 22 anos de impunidade, de abuso do tempo de espera. Esperar para que haja o julgamento de uma criança, todos esses anos, é ferir a nossa família todos os dias. Hoje, eu sinto como se não fosse uma vitória, porque quando passa muito tempo ela perde o efeito, mas eu quero que eles sejam julgados e que tenham pena máxima”.

O desabafo acima é de Marion Terra, mãe do jovem Lucas Terra, que foi estuprado e queimado vivo aos 14 anos. Os acusados do crime são três pastores da Igreja Universal do Reino de Deus. Já o pai de Lucas não poderá acompanhar as audiências. José Carlos Terra, de 65 anos, pai de Lucas Vargas Terra, morreu em fevereiro de 2019, no Hospital Ernesto Simões, em Salvador. Ele estava internado na unidade e teve uma parada respiratória decorrente de uma cirrose hepática, diagnosticada um ano antes.