Turnê RBD: Ofício chega até a Câmara dos Deputados

Banda Rebelde (Imagem: Reprodução)

Depois de anunciar a nova turnê que virá para o Brasil ainda em 2023, a Banda Rebelde (RBD) deixou os fãs enlouquecidos para comprar os ingressos para o grande evento, contudo, milhões de brasileiros não conseguiram comprar.

As vendas para a Turnê estão sendo marcadas por muita confusão, agressão e cansaço, visto que os fãs da banda estão fazendo literalmente de tudo para ver os seus ídolos no final do ano. O responsável pela venda dos ingressos é a “Eventim”, que foi notificada pelo Procon-SP para que fornecesse explicações sobre os problemas registrados pelos consumidores.

Procon intima Eventim

Os problemas começaram quando os consumidores relataram problemas ao tentar efetuar a compra do ingresso e questionaram a rapidez no esgotamento dos ingressos, o que deu a entender que haveria um favorecimento a cambistas, que costumam vender os ingressos mais à frente, por preços maiores.

O Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), intimou a Eventim: “deverá informar se identificou a origem dos problemas descritos nas reclamações e quais medidas foram adotadas”.

O Procon-SP quer “comprovação da carga de ingressos disponibilizados à comercialização” e “comprovação de mecanismos adotados pela empresa para evitar a comercialização na pré-venda e venda de ingressos individuais e/ou lotes a “cambistas” e empresas terceirizadas”.

Íntegra do Comunidado

O Procon-SP notificou a empresa Eventim Brasil São Paulo Sistemas e Serviços de Ingressos LTDA. solicitando explicações sobre problemas registrados por consumidores relatando problemas na aquisição de ingressos para o show do Grupo RBD.

A empresa deverá informar se identificou a origem dos problemas descritos nas reclamações e quais medidas foram adotadas.

O Procon-SP também quer que a Eventim apresente:

– comprovação da carga de ingressos disponibilizados à comercialização (pré-venda e venda ao público em geral), em todas as modalidades e setores, para cada dia do evento;
– forma de processamento e pagamento dos bilhetes vendidos pelo seu site e canais de venda físicos;
– comprovação de mecanismos adotados pela empresa para evitar a comercialização na pré-venda e venda de ingressos individuais e/ou lotes a “cambistas” e empresas terceirizadas;
– informações detalhadas sobre os custos relativos a aquisição de cada modalidade de ingresso, discriminando todos os valores incidentes – taxas, fretes, descontos promocionais dentre outros, apresentando;

– cópia do material publicitário e das mídias de divulgação do evento, veiculados nos meios de comunicação e nas redes sociais pela organizadora e parceiros na pré-venda e venda.

A Eventim deverá informar sobre o funcionamento de seus canais de atendimento aos consumidores, para recebimento e tratamento de demandas de natureza operacional e financeira.

Ofício na Câmara dos Deputados

Na última sexta-feira (3), a deputada federal Erika Hilton (PSOL), entrou com um ofício na Câmara dos Deputados a fim de investigar o sistema de vendas dos show do RBD no Brasil. O documento que foi enviado ao Procon, requer que o instituto investigue suposto esquema entre cambistas e a Eventim.

As suspeitas começaram porque as vendas foram abertas às 10h e em menos de 10 minutos já foram esgotadas. Além disso, a deputada documentou que houve relatos de pontos de vendas em que cambistas apareciam portando armas de fogo.

Conforme Erika Hilton, caso o esquema ilegal fosse comprovado, o caso poderia ser considerado crime contra a economia popular, previsto na Lei nº 1.521/1951. Leia o ofício na íntegra:

“À Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor – PROCON

Ao Ministério Público do Estado de São Paulo, Promotoria de Defesa do Consumidor Prezados,

Dirijo-me à Vossa Excelência na condição de Deputada Federal pelo Partido Socialismo e Liberdade de São Paulo (PSOL/SP), na expectativa de obter esclarecimentos em referência ao suposto esquema entre cambistas e a empresa Eventim Brasil, que forneceu os ingressos para o show da banda RBD, previsto para acontecer na segunda quinzena de novembro de 2023.

A referida banda, que possui uma legião de fãs no Brasil, anunciou que realizaria shows no Brasil no ano de 2023. A venda dos ingressos ficou sob responsabilidade da empresa Eventim Brasil, que os disponibilizou em seu site no dia 03 de fevereiro, a partir das 10h. Segundo portais de notícias, os ingressos se esgotaram em menos de 10 minutos, o que causou bastante frustração aos fãs da banda, que passaram a manifestar sua suspeita de que a compra em massa havia sido realizada por cambistas.

A suspeita foi confirmada em nota publicada pelo R7, que afirmava que diversos pontos de venda estavam tomados por cambistas portando armas de fogo para intimidar os fãs. Há também um vídeo que circula nas redes sociais, onde é afirmado que a empresa responsável pela venda dos ingressos possui um esquema com os cambistas.

Uma vez sendo comprovado o esquema ilegal de vendas de ingressos, a situação poderia configurar crime contra a economia popular, previsto na Lei nº 1.521, de 26 de dezembro de 1951, por configurar ato de manipulação ilegal de preços e tendências de mercado, lesando os consumidores do mercado artístico-cultural no país.

Diante desses fatos, venho por meio deste ofício solicitar a abertura de investigação acerca das denúncias de esquema ilegal relativas à venda de ingressos para o show da banca RBD por parte da empresa Eventim Brasil.

No mais, renovamos nossos votos de estima e consideração, e certos da atenção de Vossa Senhoria, nos colocamos à disposição para quaisquer esclarecimentos.”

O jornal Estadão entrou em contato com a assessoria da Eventim para obter alguma resposta sobre a venda dos ingressos, e a empresa afirmou que “o processo de compras é seguro e orgânico”:

“A Eventim, empresa contratada pelos promotores do evento para realizar as vendas dos ingressos, lamenta que não tenha sido possível atender à grande demanda de fãs que gostariam de comprar ingressos para o evento. É fato que o espetáculo em questão alcançou, provavelmente, uma demanda inédita de venda de ingressos no país.

Iniciadas as vendas, o universo – ainda que amplo, mas limitado de ingressos disponíveis, se esgotou rapidamente, considerada a procura simultânea de centenas de milhares de fãs. O esgotamento dos ingressos quase que imediatamente à abertura de vendas é um fenômeno bastante comum aos artistas de grande relevância nos cenários nacionais e internacionais. Infelizmente, nestes casos em que a  demanda por compra supera em muitas vezes o número de ingressos disponibilizados para a venda e por mais que nossos sistemas e operação funcionem na normalidade, há, na sua grande maioria, um grande sentimento de frustração dos fãs que reverbera negativamente na mídia e nas redes sociais.

O processo de compras é seguro e orgânico, e alguns retornos no estoque de ingressos podem ocorrer (quando há falta de crédito no cartão do cliente, por exemplo), e neste caso, uma janela de disponibilidade poderá se abrir para os clientes seguintes.

Diante da gigantesca demanda, os promotores do evento, responsáveis por todos os aspectos do espetáculo confirmaram 2 shows extras para a cidade de São Paulo, cuja abertura geral de vendas ocorreu no dia 3 de fevereiro.

Por fim, a Eventim está  presente em 27 países e é responsável pela comercialização de mais de 250 milhões de ingressos para em torno de 180 mil eventos por ano (eventos como Jogos Olímpicos de Paris e do Rio de Janeiro, final da Copa Libertadores da América de futebol em 2021 e de grandes tours de artistas internacionais como Coldplay entre diversos outros).

A empresa, líder do mercado europeu e a segunda maior empresa do mundo em venda de ingressos, informa que seus sistemas seguem os  mais altos níveis de segurança tecnológica e possuem capacidade para processar a demanda intensa de tais eventos, o que se verificou, diante da efetiva aquisição, pelo público consumidor, do total de ingressos disponíveis à venda”.