Crise na Americanas afeta lucro de bancos; saiba o motivo

Americanas derrubou lucro de bancos
Americanas derrubou lucro de bancos (Foto: Divulgação)

Crise na Americanas afeta lucro de bancos; saiba o motivo

Os bancos registraram em 2022 um lucro líquido de R$ 139 bilhões. O número representa um crescimento de de 2% em relação a 2021. No entanto, após a recuperação a níveis pré-pandemia em 2021 e um aumento no primeiro semestre do ano passado, a rentabilidade no segundo semestre de 2022 teve redução. O motivo é o rombo nas contas das Lojas Americanas.

Segundo o Banco Central (BC), o principal motivo para o recuo foi o aumento das despesas com provisões (reserva sobre riscos de crédito). Essas despesas registraram aumento por conta da crise das Lojas Americanas. As informações são do Relatório de Estabilidade Financeira do BC, referente ao segundo semestre de 2022, divulgado nesta quarta-feira (10).

Rombo na Americanas atinge bancos

Em fase de recuperação judicial desde janeiro, as Lojas Americanas enfrentam uma enorme crise. Isso porque, aconteceu a descoberta de “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões. Pouco tempo depois, o próprio grupo revelou que os débitos com os credores eram ainda maiores, podendo chegar a R$ 43 bilhões.

O que diz o Banco Central

“Embora o forte aumento das despesas de provisão no último semestre de 2022 esteja relacionado a esse evento [das Americanas], a materialização do risco tem resultado no elevado aumento dessas despesas de forma geral. Também contribuíram para a redução da rentabilidade o declínio do ritmo de crescimento das rendas de serviços e a pressão da inflação sobre as despesas administrativas”, diz o documento, citando ainda leve piora da eficiência operacional das instituições.

De acordo com o Banco Central, a rentabilidade do sistema deve seguir sob pressão no médio prazo, considerando a perspectiva de atividade econômica mais fraca em 2023, de menor crescimento do crédito e de inadimplência e inflação elevadas. O relatório ainda destaca que, mesmo que o mercado de crédito continue crescendo em ritmo elevado, a desaceleração foi mais acentuada nas operações de maior risco do Sistema Financeiro Nacional (SFN) com pessoas físicas, como as ligadas a cartões de crédito.

“No geral, o crédito às pessoas físicas arrefeceu, exceto o crédito rural e o crédito imobiliário, cujas taxas de crescimento mantiveram-se estáveis. O crédito às empresas desacelerou em ritmo mais suave. Isso porque o crédito seguiu elevado devido aos programas emergenciais para microempresas, ao financiamento de capital de giro e investimento para pequenas empresas e ao financiamento de bens e operações de ‘risco sacado’ para empresas médias”, diz o BC.

A autoridade monetária nacional também acrescentou que o mercado de capitais manteve-se como fonte relevante de financiamento, sobretudo para as grandes empresas. Ainda assim, as instituições financeiras permaneceram apostando em carteiras mais arriscadas. “Apesar do recuo no ritmo de crescimento, o crédito ainda cresceu forte em modalidades mais arriscadas às famílias, como cartão de crédito e crédito não consignado”, descreve o documento. Com informações da Agência Brasil.