Autora de versão feminina de ‘Mulheres’ diz que a música pode sair do streaming
“Mulheres” é uma das músicas mais celebradas e regravadas do repertório de Martinho da Vila. Uma das versões foi feita em 2018 a partir da ótica feminina, com letra de Doralyce e Silvia Duffrayer e se trata de uma resposta ao samba composto por Toninho Geraes. No entanto, a canção pode deixar as plataformas digitais por conta de uma batalha judicial.
Disputa judicial
Em seu perfil no Instagram, Doralyce publicou um post no qual explica que a música (cujos direitos já são repassados a Geraes desde o ano passado) pode ser retirada dos serviços de streaming, por ordem do compositor e de sua editora, a Universal. Segundo conta a autora, ela teria assinado um contrato no qual cede seus direitos autorais.
“Eu tenho muito orgulho de ter escrito essa versão, ela tem a força de reparação histórica, ela transborda emancipação, e a gente sabe que tudo que esse sistema não quer é ver mulheres livres, com autonomia e empoderadas.”, escreveu Doralyce sobre a sua versão do samba.
A nova letra que traz versos como: “Nós somos mulheres de todas as cores/ De várias idades, de muitos amores/Lembro de Dandara, mulher foda que eu sei/ De Elza Soares, mulher fora da lei”. A versão rapidamente viralizou nas redes sociais. “Não imaginávamos que ia tocar nos 4 cantos do mundo. Que se tornaria um hino proferido em tantas manifestações e rodas de samba.”, conta a autora.
- Pabllo Vittar lança o clipe de ‘Cadeado’ gravado em clima de festa em Fortaleza (CE)
- Mano Brown quer união de ‘pretos de todos os tons e idiomas’ por Vini Jr
- Após rumores de crise, Paula Fernandes abre o jogo sobre real situação financeira
“Como artivista, vou continuar lutando para a música ser ferramenta de emancipação e conhecimento, ser instrumento de criação de imaginário símbolico.”, afirma Doralyce que acusa a medida que pode retirar a faixa das plataformas digitais de censura.
“Digo censura, porque no ano passado fui coagida a assinar um Contrato de Cessão de Direitos Autorais que me fazia abrir mão dos direitos de minha propriedade intelectual, com a ameaça de não poder mais cantar a música. E agora, eles decidem tirar as músicas das plataformas os nossos lançamentos pela Show Livre.”, conta.
Defesa do autor
Por fim, a cantora apela ao autor e à editora: “A gente é a parte fraca dessa relação, a gente deu todos os direitos pra vocês, todo dinheiro vai pra vocês, agora, tirar da gente o direito de cantar nossa versão é uma violência imensurável nessa sociedade machista. Aprendi com Alcione que a gente não pode deixar o samba morrer! A gente vai continuar lutando pra mulher ter vez no Samba!”.
Nos comentários do post, Toninho Geraes dá sua versão para a retirada da versão de “Mulheres” do setreaming: “Não se trata de censura, a versão foi lançada sem autorização prévia e foi retirada das plataformas por isso. Obra intelectual tem dono, todo o meu respeito ao movimento de vocês, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra”.
Formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Possui passagem por assessoria de comunicação e produção de críticas musicais desde 2020 em redes sociais. Apaixonado pelo universo e cultura pop, pesquisa e produz conteúdo para o nicho desde 2019.