Nicarágua ordena fechamento de embaixadas após polêmica com Papa

Papa chama Daniel Ortega – Presidente da Nicarágua de desequilibrado (Imagem: Reprodução)

Neste domingo (12), o Ministério das Relações Exteriores da Nicarágua (país próximo a Colômbia, na América Central), emitiu uma nota comunicando a “suspensão das relações diplomáticas” entre o país latino e o Vaticano. Além disso, segundo a Reuters, o presidente do país Daniel Ortega já teria ordenado o fechamento da sede do Vaticano na cidade de Manágua, capital do país latino, e da embaixada da Nicarágua em Roma, na Itália.

As medidas extraordinárias foram tomadas após uma entrevista polêmica que o Papa Francisco concedeu a um site argentino, o Infobae na última sexta-feira (10), na qual ele afirmou que o Presidente da Nicarágua vive uma ditadura e que ele [Daniel Ortelga] é desequilibrado: “É como trazer de volta a ditadura comunista de 1917 ou a ditadura de Hitler de 1935 […] são tipos de ditaduras grosseiras”. 

Contexto

O Papa Francisco comentava o caso em que universidades vinculadas à Igreja Católica foram fechadas pelo governo da Nicarágua: “Com muito respeito, não me resta senão pensar em um desequilíbrio da pessoa que lidera [o país]”, criticou o pontífice ao site argentino. O papa classificou o governo do país da América Central como uma ditadura grosseira.

“É algo que está fora da realidade que estamos vivendo, é como se estivesse trazendo de volta a ditadura comunista de 1917 ou a ditadura hitlerista de 1935 (…) É um tipo de ditadura grosseira”. “Com muito respeito, não tenho escolha senão pensar num desequilíbrio de quem governa”, disse Francisco, referindo-se a Ortega, no poder desde 2007 e sucessivamente reeleito em eleições questionadas pela oposição.

Durante a entrevista, o papa argentino fez referência ao bispo católico Rolando Álvarez, condenado em fevereiro a 26 anos de prisão por, entre outras acusações, atentar contra a integridade nacional. “Ali temos um bispo na prisão, um homem muito sério, muito capaz. Ele quis dar seu testemunho e não aceitou o exílio”, disse Francisco. O bispo de Matagalpa, de 56 anos, estava detido desde agosto por conspiração e se recusou a ser deportado para os Estados Unidos com outros 222 opositores libertados e expulsos do país, considerados “traidores do país” pelo governo de Ortega.

A Nicarágua enfrenta uma onda de condenações da comunidade internacional pela deriva autoritária de Ortega, que governa com sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo. Centenas de opositores foram detidos no país no contexto da repressão que se seguiu aos massivos protestos antigovernamentais de 2018.