Governo Brasileiro liga para Embaixadora da Espanha e reclama do caso Vini Jr
O governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, manteve contato telefônico nesta segunda-feira (22) com a embaixadora da Espanha no Brasil, María del Mar Fernández-Palacios, depois de mais um caso de racismo contra o atacante Vinicius Jr. A convocação da embaixadora para prestar esclarecimentos não se concretizou porque ela está fora de Brasília, em férias.
O Brasil transmitiu o descontentamento com a situação e a expectativa de que as autoridades tomem providências diante da reincidência dos ataques racistas. Além disso, o governo publicou nota assinada por 5 ministérios e disse que acionará o Ministério Público espanhol para investigar a La Liga, a 1ª divisão do campeonato de futebol da Espanha.
Exposição de repúdio contra os atos racistas
Ao blog, o Itamaraty informou que o objetivo do contato com a embaixadora foi transmitir a posição de repúdio e cobrança do governo brasileiro em relação ao caso. Convocações de embaixadores não são rotineiras e equivalem a uma forma de protesto. Secretária-geral do Itamaraty, Maria Laura da Rocha afirmou nesta segunda que mais do que a ignorância e a maldade dos torcedores que praticaram, “espanta a persistência dos crimes que são cometidos contra o atleta brasileiro, contra todos os afrodescendentes e, sim, contra toda a humanidade, a cada cântico e a cada gesto racista lançado contra o jogador.”
Ainda no domingo (21), a embaixada espanhola no Brasil afirmou, pelo Twitter, que condenava “com veemência as manifestações e atitudes racistas”, expressou solidariedade ao jogador e disse que os ataques “de nenhuma maneira refletem as posições antirracistas da absoluta maioria da população espanhola.”
Após sofrer racismo, Vini Jr. lamentou a ‘normalidade’ do racismo na Laliga
Vini Jr., como é conhecido, tem sido vítima de ataques racistas durante jogos do campeonato espanhol. No domingo, a disputa entre Valencia e Real Madrid pela 35ª rodada do Campeonato Espanhol foi interrompida no segundo tempo após parte da torcida presente no estádio Mestalla chamar o brasileiro de “macaco”. A partida acabou com vitória do Valencia por 1 a 0.
Após o episódio, o jogador afirmou que “não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira” vez que episódios como esse aconteciam e que “O racismo é o normal na La Liga [nome do campeonato espanhol pelo qual o jogo aconteceu]”.
“A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi, hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”, completou o jogador.
Formada em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Advogada, apaixonada pelo universo do entretenimento, astrologia, área informativa política e internacional. Se dedica a esse nicho como redatora e repórter, produzindo conteúdos desde 2021.