Gloria Perez, renomada autora conhecida por sua visão futurista, está entusiasmada com a perspectiva de uma “novela fora da tela”
Graças ao anúncio de um dispositivo baseado em inteligência artificial que projeta informações em objetos e até na pele humana.
Imaginando uma nova forma de assistir às tramas, Gloria prevê os personagens da novela interagindo diretamente na sala do telespectador.
Ao ver um anúncio de um telefone sem tela, Gloria logo pensou na possibilidade de ter a novela fora da tela.
Ela relembra a experiência anterior que teve com essa ideia em outra novela.
“Quando vi um anúncio agora de um telefone sem tela que vai aparecer muito brevemente ou não tão brevemente, mas logo mais adiante, [pensei que] nós vamos poder ter a novela fora da tela, né?“, começou Gloria, que já teve uma pseudoexperiência do gênero em uma novela anterior.
“O Hans Donner profetizou isso quando fez a abertura de Explode Coração [1995] em que a bailarina sai da tela e dança“, disse a autora de Travessia (2022) durante o lançamento do livro A Telenovela e o Futuro da Televisão Brasileira (Cobogó), escrito por Rosane Svartman, no Rio de Janeiro
Bate-papo e futuro das novelas
Convidada para um bate-papo sobre novelas ao lado de outras autoras famosas, Gloria afirma que será necessário repensar a maneira de fazer novela com essas novas tecnologias e possibilidades.
Ela profetiza que teremos que nos ajustar a essa nova forma de assistir às cenas, já que a cena não se passará apenas na televisão, mas ocorrerá ali entre nós.
Através de hologramas, os personagens sairão da tela se você tiver o aparelho sem tela. Gloria também revela sua participação especial em “Vai na Fé”.
“Vamos ter que encontrar também uma forma de nos ajustar a isso, porque a cena não vai se passar ali na televisão; a cena vai estar ocorrendo aqui entre nós. Ficaremos no meio de hologramas. A gente vai estar assistindo, e a personagem sairá da tela se você tiver o aparelho sem tela”
Em “Travessia”, Gloria Perez já explorou a inclusão de um holograma da personagem Débora, interpretada por Grazi Massafera, no fim da história, após sua morte.
Alheia a qualquer crítica, a autora menciona o caso de Bruce Willis, que vendeu sua imagem para ser recriada em filmes usando inteligência artificial após sua morte.
Ela explica que, apesar de assustador, a novela pode propor discussões sobre questões que nos afetarão diretamente, dada sua enorme audiência.
“Acho assustador, por exemplo, a história do Bruce Willis, que nós vamos ver muitos filmes com ele sem que esteja presente na filmagem. Mas como não falar sobre isso? Acho que a novela, que tem esse alcance enorme, pode propor discussões para que a gente comece a pensar um pouco antes em coisas que vão nos atingir muito diretamente“, explicou ela.
Imaginação, fatos e ciência
Embora seja uma autora realista, Gloria defende a ideia de usar a imaginação para antecipar tendências, fatos e até a ciência.
Segundo ela, tudo isso já está presente na intuição das pessoas, e ela pode incluir esses elementos em suas novelas.
Ela menciona como exemplo a criação de “O Clone”, inspirada pela clonagem da ovelha Dolly e a possibilidade de clonar um ser humano.
“Tudo isso já está aí, já está na intuição das pessoas e, se já está no pensamento das pessoas, eu posso incluir em uma novela“, apontou.
“Foi assim que O Clone nasceu, por exemplo. Quando fizeram a Dolly, não passou pela cabeça de qualquer um que, já que clonaram uma ovelha, poderiam tentar clonar um ser humano? E como é que seria isso? Então, é esse tipo de observação que pode me levar a criar uma história.“
Formação em Jornalismo – Cursando Pós-Graduação em Redação Criativa e Redação para Mídias Digitais pela Universidade Nova de Lisboa – Portugal
