Entenda polêmica milionária que envolve Michelle Bolsonaro e Marisa

Michelle Bolsonaro e Marisa (Imagem/Montagem: Reprodução)

Depois do escândalo protagonizado pelo ex-Presidente Jair Bolsonaro (PL), ao tentar entrar no Brasil, enganando a Receita Federal com joias de sua esposa, avaliadas em R$ 16,5 milhões, jornalistas apontam a diferença na atitude das ex-primeiras damas, Michelle Bolsonaro e Marisa Lula.

Segundo Bolsonaro, as joias teriam sido “recebidas como presente” pela ex-primeira-dama Michelle, das mãos da Monarquia Absolutista da Arábia Saudita durante uma viagem de Estado, o que é vedado pela legislação brasileira, tendo em vista que os objetos de valor não podem pertencer a Michelle.

Como as joias foram dadas de presente para a esposa de Bolsonaro durante uma viagem de estado, ou seja, durante o seu trabalho como Chefe de Estado brasileiro, os objetos de grande valor deveriam ser cedidos ao acervo da Presidência da República, não para a ex-primeira dama.

Por ter passado por situação semelhante há 20 anos antes de falecer, repórteres evidenciaram a diferença da recepção de joias preciosas pela ex-primeira dama Marisa Lula, e da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro.

No final do ano de 2003, o Presidente Lula estava em posse do cargo de Chefe do Estado, prestes a completar o seu primeiro ano de mandato, na época, a então primeira-dama Marisa Letícia acompanhou o esposo em uma Viagem Oficial Aos Emirados Árabes Unidos.

Em um evento realizado apenas para mulheres, a ex-esposa do petista brasileiro, recebeu joias caríssimas da esposa do Xeique Zayed Bin Sultan Al Nahyan, fundador dos Emirados Árabes. Erroneamente, Marisa foi chamada pela imprensa brasileira de “Rainha”.

Diferente de Michelle, Letícia mostrou ter ciência de que não poderia reter aquela fortuna em ouro, diamantes e pedras preciosas. Todavia, ela não recusou o presente, pois na cultura local, o ato poderia ser considerado como insulto aos governantes locais.

Ela recolheu os objetos, repassou ao protocolo de Estado que acompanhava o casal presidencial brasileiro e imediatamente explicou aos assessores as razões para não ter recusado o “mimo”.

Dias após o ocorrido, o Palácio do Planalto anunciou a destinação das joias, que por óbvio, não poderiam ficar em posse da então primeira-dama, por questões de probidade e ética. Tudo isso foi relatado pelo Jornal da Folha de São Paulo em 13 de dezembro de 2003, escrita pelo repórter Wilson Silveira.

Confira o trecho da matéria feita em 2003:

“A primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva decidiu abrir mão das jóias que ganhou de presente no sábado passado da rainha Fátima, dos Emirados Árabes, durante jantar oferecido às mulheres que integravam a comitiva oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem ao Oriente Médio.

Segundo o Planalto, desde o momento em que recebeu as jóias, Marisa sabia que não ficaria com elas, mas não poderia recusar o presente porque, além de ser um gesto mal-educado, poderia criar um incidente diplomático. A assessoria do Planalto argumentou que Marisa se encontrava em país estrangeiro, de cultura diferente da republicana, e não poderia explicar o motivo pelo qual não poderia aceitar o presente.

O destino das jóias será anunciado formalmente pelo Palácio do Planalto e uma explicação deverá ser enviada por via diplomática aos Emirados Árabes. Segundo o Planalto, ela não vai recusar as jóias, que já foram aceitas.

Simplesmente não as considera um presente pessoal, e sim um presente para o país. No momento, a primeira-dama estuda uma forma de se desfazer do presente sem ferir suscetibilidades do casal real dos Emirados Árabes, onde ela e Lula foram recebidos com deferência conferida a poucos estrangeiros”, reportou Silveira à Folha no “longínquo” ano de 2003.