Em Endless Summer Vacation, Miley Cyrus volta ao pop com altos e baixos

Miley Cyrus
Miley Cyrus retorna ao pop com o álbum “Endless Summer Vacation”. (Foto: divulgação).

Ninguém esperava, mas logo em seu início, 2023 trouxe para Miley Cyrus um grande empurrão para o seu retorno ao pop. “Flowers” se tornou um megahit e alavancou as expectativas para o novo álbum da cantora, “Endless Summer Vacation”, lançado no último dia 11 de março.

O single, lançado no dia 13 de janeiro, aniversário do seu ex-marido, o ator Liam Hemsworth, traz visíveis referências ao conturbado divórcio e se tornou um hino de superação após uma decepção amorosa. Além do elemento bastante íntimo, a faixa é um hit certeiro que se inspira em “I Will Survive” de Gloria Gaynor e funciona como uma resposta a “When I Was Your Man”, de Bruno Mars, um grande acerto.

No entanto, a repercussão gerada pelo hit é uma faca dois gumes. Apesar de recolocar Miley Cyrus no topo das paradas e se tornar, o seu maior hit desde “Wrecking Ball” (2013), “Flowers” também colocou grandes expectativas sobre “Endless Summer Vacation”, o que acaba por refletir no que o álbum de fato é.

Composto por 16 faixas, o disco move a cantora de volta para a direção do pop. Após resgatar suas raízes countrys em “Younger Now” (2017) e encarnar uma persona rockstar em “Plastic Hearts” (2020),  a estrela volta ao pop que firmou sua carreira musical após deixar a Disney, com os álbuns “Can’t Be Tamed” (2010) e “Bangerz” (2013).

Porém o álbum não soa revisionista, ele traz um pop que está de acordo com o atual momento de Miley que completa 30 anos e já tem uma trajetória de respeito na indústria.”Endless Summer Vacation” soa um tanto quanto despretensioso, sem os ares épicos que o seu primeiro single sugeria.

Miley Cyrus
Capa de “Endless Summer Vacation” (Foto: divulgação).

Dívida em duas partes AM, se referindo a manhã; e PM, se referindo ao entardecer, a obra tem outros bons hits em potencial além de “Flowers”, porém passa por altos e baixos, escorregando em outras faixas e deixando a desejar em algumas escolhas de produção e mixagem.

Após a abertura com o grande sucesso da nova leva, a mantém uma ótima sequência com “Jaded” e “Rose Colored Lenses”, outras faixas que podem cair facilmente no gosto do público. Em seguida vem “Thousand Miles”, canção de pegada country que pouco aproveita a parceria com Brandi Carlile, algo que se repete em “Muddy”, com uma apagada participação de Sia.

“Handstand” e “Violet Chemistry” pouco acrescentam a obra e não chamam atenção. “River” quase acerta ao apostar em elementos do Synth-pop, com referências dos anos 1980, porém é executada de maneira genérica, o que acaba por fazer a canção perder força.

O disco retoma o fôlego a partir de “Island”, uma excelente canção sobre a solidão sentida pela cantora em sua vida de popstar. “Estou em uma ilha, dançando um ritmo quente sob o Sol / Tão perto do paraíso, mas tão longe de todo mundo”, diz a letra. “Wonder Woman” é a penúltima faixa. Uma balada feminista que exalta a figura de uma mulher livre e segura de quem é.

“Endless Summer Vacation” não é um álbum coeso, mas é um bom álbum pop que permite mostrar os ganhos de Miley Cyrus após passar por caminhos diferentes em projetos anteriores. A cantora se mostra confortável em retornar ao pop, agora longe da pressão do início da carreira e munida da tranquilidade e segurança que a maturidade proporciona.