[Crítica] Com ‘Amor Fati’, Mahmundi acerta com um pop intimo e livre de pressões

Mahmundi
Mahmudi entrega pop despretensioso em “Amor Fati”. (Foto: divulgação).

[Crítica] Com ‘Amor Fati’, Mahmundi acerta com um pop intimo e livre de pressões

Desde que iniciou sua discografia com o álbum autointitulado de 2016, Mahmundi sempre esteve em posição de destaque no time dos nomes mais criativos e originais do pop brasileiro. Em seu novo álbum, “Amor Fati”, a artista entra em um caminho mais intimo, com uma cara mais indie e sem perder o magnetismo das suas canções.

Ao longo da sua carreira, Marcela Vale, nome verdadeiro da cantora, compositora e produtora, já flertou com o que há de mais clássico no pop, produzindo canções com potencial de conquistar o público de imediato, já se voltou para suas referências no soul e r&b, já bebeu da fonte do pop-rock e da MPB e agora entra em sua fase mais pessoal.

Álbum pop intimo

“Amor Fati” parece um disco livre de grandes pretensões e preocupado apenas em trazer conforto para o ouvinte. Voltado para uma sonoridade mais puxada para o indiepop, a obra aposta na simplicidade e em um clima mais intimista, porém sem nunca perder a sua vocação acessível e o apelo popular.

Nesse contexto, as letras que giram em torno do amor e de relacionamentos ganham destaque. O título, “Amor Fati”, reproduz expressão usada pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) que significa “amor ao destino” e aponta para capacidade de abraçar a imprevisibilidade da vida.

Mahmundi
Capa de Amor Fati, novo álbum de Mahmundi. (Foto: divulgação).

Destaques

E é esta a sensação que as 8 faixas inéditas mais uma regravação e um remix passam. O álbum abre com “Amanhã”, faixa que parece pronta para tocar no rádio. “Fugitivos”, mistura os sintetizadores e elementos eletrônicos com a base acústica do violão. “Versos Não”, apresenta um soul revestido com o que há de mais moderno.

“Diamante”, traz um clima mais solar e batidas reducionistas que deixam bem evidente a capacidade de Mahmundi de fazer muito com pouco, o refrão contagiante te convida a cantar junto. “Sem Necessidade” o primeiro single do álbum, parceria com com Felipe Puperi, o Tagua Tagua, é excelente um soul romântico, sensual e psicodélico.

“Noites Tropicais” faz uma viagem por sonhos e aspirações de um romance embalado por um som aconchegante. “Pera aí’ representa uma fim de uma relação já falida e a ansiedade por um recomeço. O disco encerra com uma releitura de “Meu Amor”, faixa do primeiro álbum de Mahmundi e um remix de “Sem Necessidade” mais voltado para o eletrônico.

Em “Amor Fati”, Mahmundi aparece leve e despreocupada, entregando um som delicioso e que chea ao ouvinte como um abraço. Mesmo distante das pressões impostas pelo pop, a cantora não deixa de apresentar músicas bastante acessíveis e contagiantes que a mantém entre os nomes mais originais do cenário brasileiro.