O roteirista e apresentador Carlos Alberto de Nóbrega, de 87 anos, reconhece que foi “infeliz na maneira de falar” sobre a formação pedagógica do presidente Lula.
Durante uma entrevista exibida no programa Roda Viva na última segunda-feira (3)
Carlos Alberto de Nóbrega declarou que caso tivesse a oportunidade de entrevistar o presidente Lula para seu podcast, ele questionaria a ausência de um diploma por parte do presidente.
Em uma entrevista exclusiva ao Splash, Carlos Alberto reafirma que não é petista, como afirmou no programa de TV, e tampouco bolsonarista.
Ele admite, no entanto, que votou no ex-presidente na última eleição, “Mas não concordo com muita coisa do que ele fez” esclarece
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Carlos Alberto afirma:
No Roda Viva, Carlos Alberto afirmou que se Lula aceitasse participar de seu podcast, faria a seguinte pergunta a ele:
“O que o senhor me explica sobre um presidente da República que, no dia em que recebe o diploma de presidente, chora e diz que aquele é o primeiro diploma que ele tem na vida? “
“Como um homem que não possui um curso ginasial, universitário, contábil, qualquer coisa, pode se tornar presidente da República?”
“Mas o voto é livre, a pessoa pode votar em quem quiser“, justificou a âncora, Vera Magalhães, na ocasião.
“Por isso é que o país está desse jeito“, replicou Carlos Alberto no programa. “Temos dúvida quanto a isso“, emendou a jornalista, mudando de assunto em seguida
“Fui talvez infeliz na minha maneira de falar, porque quando a Vera falou que ‘todo mundo tem direito ao voto’, eu quis falar, mas quando percebi que eu tinha dado uma pisada, quis mudar de assunto“, explica o apresentador a Splash, em entrevista por telefone
“O que eu quis dizer, quando eu disse ‘como é que ele se sentia naquele momento [de receber o diploma de presidente] é que eu acho que é a primeira vez na história da civilização que uma pessoa tem um trajeto tão vitorioso como Lula teve, sem ter um alicerce.”
“Isso é a minha opinião. Ele não teve o diploma, mas ele teve a vivência, ele é um homem que viveu, veio do zero.”
“Ele aprendeu com a vida, que é a maior escola“, afirma. “Eu não falei do direito de voto, voto é igual para todo mundo.”
“Mas sabe aquele negócio que quanto mais mexe, mais vai feder? Preferi parar e mudar de assunto“, explica o apresentador
Mudança na presidência do STB?
O efeito negativo da declaração veio dois dias antes de Daniela Beyruti, filha número 3 de Silvio Santos, ir a Brasília na companhia da irmã Patrícia Abravanel para ser apresentada como nova presidente do SBT.
Isso foi considerado um ato diplomático de reaproximação da emissora com o atual governo.
Após quatro anos de apoio a Bolsonaro, cuja gestão contava até com um membro da família Abravanel.
O então ministro Fábio Faria, genro de Silvio Santos, casado com Patrícia, foi titular da pasta das Comunicações.
Carlos Alberto afirma ao Splash que não sabia da ida das herdeiras a Brasília nem que Silvio Santos havia conversado com Lula por telefone na ocasião.
“Ah é?“, reagiu ele. Surpreso com a repercussão do Roda Viva, o chefe da Praça conta que foi elogiado por Beyruti por sua participação no programa.
Nóbrega fala sobre Silvio Santos
Nas redes sociais, logo após a entrevista à Cultura, não faltou quem o provocasse com uma comparação entre Lula e Silvio Santos.
Que também chegou a se candidatar a presidente da República em 1989, e não tem diploma universitário.
“Eu não falei de Silvio porque ele não chegou a ser candidato“, justifica o apresentador, “mas o ginásio ele tem“, completa, referindo ao que hoje se entende por ensino fundamental 2
A reportagem lembrou a Carlos Alberto que Silvio Santos foi, de fato, candidato, participando do horário eleitoral por dez dias até ter a candidatura impugnada por mais de uma irregularidade.
Na conversa com o Splash, Carlos Alberto também lembra do avô, que era autodidata, reforçando sua admiração pelas conquistas de Lula.
“Meu avô aprendeu a ler e a escrever na Ilha da Madeira um pouquinho de nada, e tinha uma sabedoria muito além do normal.”
O apresentador repetiu mais de uma vez que não discute política e que o personagem João Plenário, interpretado pelo ator Saulo Laranjeira no humorístico A Praça É Nossa, é crítico a qualquer partido.
“Outro dia ele entrou coberto de joias“, observa Carlos Alberto, em referência ao escândalo das joias enviadas pela Arábia Saudita a Bolsonaro e Michele.
“Eu sou uma pessoa extremamente democrática, principalmente porque vivi na ditadura, sei o que é não poder falar e expressar os seus direitos, eu sei o que é aquilo e não quero mais aquilo para mim.”
“Votei em Bolsonaro, é uma opção minha. Agora, não concordo com muitas coisas que Bolsonaro falou e fez”
“Mas eu só sou grato a ele pela homenagem que ele fez a mim, que foi na Câmara, e ele atravessou do Palácio até lá a pé para me cumprimentar” lembra Carlos Alberto, sobre cerimônia ocorrida ainda antes da pandemia.
Saiba Mais
Carlos Alberto, que é advogado formado em uma época em que não se exigia prova da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Nasceu em Niterói e foi diplomado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
“Mas veja só, nunca exerci.” Adepto do pensamento de Voltaire, ele cita como lema de vida a frase
“Não concordo com uma só palavra do que você diz, mas defenderei até a morte o direito de dizê-la“.
Sobre o país estar “do jeito que está“, como falou Vera Magalhães no Roda Viva
Carlos Alberto menciona a violência e a falta de segurança pública, a fome e as “crianças pedindo esmolas nas ruas“.
“[SergioCabral, ex-governador do Rio, tinha 260 anos de prisão, é réu confesso e está tomando banho em Mangaratiba. Isso me incomoda“, diz ele.
“E aí um senhor ser arrastado porque roubou uma caixinha de biscoito é de doer.”
“O que eu não quero é depois de velho achar que eu estou querendo aparecer, não é nada disso, quero ficar no meu cantinho, ver meus netos, bisnetos.”
“Não tô mais em idade de criar polemica.“
Formação em Jornalismo – Cursando Pós-Graduação em Redação Criativa e Redação para Mídias Digitais pela Universidade Nova de Lisboa – Portugal