Viúva de Erasmo Carlos alfineta familiares no velório do cantor

Após amigos e familiares se despedirem de Erasmo Carlos no velório fechado ocorrido nesta quarta-feira (23), Fernanda Passos, viúva do músico, publicou um longo texto em seu perfil no Instagram, no qual fala sobre o sentimento ao jogar as cinzas do marido e sobre como se sente em relação a parte da família dele.

“Nenenhô! Você sentiu a brisa do mar? A água gelada bater e levar nossos nomes? Você tava aonde? Comigo? Em mim? Na varanda me olhando? Me sinaliza pra eu não morrer de desespero! Do palco você sempre queria saber onde eu estava sentada para olhar na minha direção”, iniciou Fernanda em um desabafo emocionado.

“Eu tô desesperada, estou com medo de esquecer dos detalhes da gente, amoooor! Meu cérebro há muito só funcionava para guardar o que era importante pra te cuidar e fazer feliz, e se eu não guardei na memória o que é realmente importante pra agora?”, pergunta.

Em outro trecho da publicação, Fernanda faz críticas a presença de uma parte da família do cantor no velório. A Viúva classificou o encontro com os referidos familiáres como “a maior violência que jamais imaginei”.

“Vido, a gente não se poupava! O papo era direto, reto, constante. Ontem sofri, além da sua perda, a maior violência que jamais imaginei daqueles parentes que a gente sabia que apareceriam! Sua família éramos seus filhos, seus netos, suas noras, seus parceiros da estrada, seus médicos, a minha família que eu ensinei a te amar, e eu! Você sempre foi tão digno, tão maravilhoso, tão grandioso, tão respeitador!”

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Passos também dedicou uma parte do seu texto para elogiar a mãe de Erasmo, “Que baita orgulho da sua mãe! Olha o que ela fez sozinha! Uma mulher! Ela não tinha fragilidade, não? Olha esse filho!”, afirmou, voltando a mencionar, em seguida, as presenças indesejadas.

“Meu bem, ninguém pode ser leviano assim comigo nesse momento. Já disse e repito: Dor não se compara, o buraco é escuro, frio, a queda é livre e não tem fundo. Eu descrevi para essas pessoas mórbidas que queriam um ingresso para te ver deitado o que eu vi e vivi você encarar brava e humildemente! A violência que foi esse acidente aos berros!”

Fernanda segue, dando detalhes do desconforto que sentiu durante o velório do companheiro morto aos 81 anos após ser internado no Hospital Barra D’Or, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde estava entubado, em estado grave.

“Eu não queria que ninguém te visse, te tocasse, te encarasse assim! Mas eu deixei você me guiar e sua voz no meu ouvido: ‘Deixa pra lá, meu bem! Finge que não ouviu, eu quero viver em paz. Eu só quero paz.’ Que orgulho da sua sabedoria! Você soube se preservar e eu quero manter te preservando.” 

Ela encerra confessando que teme que as pessoas se esqueçam de Erasmo: “Meus 1,62m eram incapazes de fazer o que eu gostaria pelos seus 1,86m. Mas eu me muni das minhas armas e fui. Minhas armas eram o meu amor incondicional por você e a música. Uma guerra assistida e solitária! Daqui a pouco as pessoas vão retomar a vida, vão me esquecer e deixar de falar de você, mas eu vou continuar lutando”, completou.

Em mais de 60 anos de carreira, Erasmo Carlos, ao lado do amigo e parceiro de composição, Roberto Carlos, se tornou um dos maiores compositores da música popular brasileira, tendo em seu repertório, tanto solo, quanto ao lado do rei, inúmeros sucessos, entre mais de 500 canções.

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