A forma de consumo de música vive em constante mudança. Desde a invenção de Thomas Edison, o cilindro fonográfico em 1877, passando pelo disco de 78 rotações em 1888 por Emil Berliner. Até o surgimento do disco de vinil (LP) em 1948 pelo engenheiro Peter Carl Goldmark da Columbia Records, e sua popularização nas décadas seguintes. Fita cassete, disquete, CD, DVD, Blu-Ray, MP3… e as plataformas de streaming e o TikTok.
As redes sociais, os desafios de dança ou situações, trilha sonora na série e/ou filme do momento, playlists com grandes seguidores e alcances são alguns meios para conseguir sucesso instantâneo, ou pelo menos tentar fazer a música acontecer. O que pode ser o single do momento ou um lançamento de décadas atrás. Ou antes do ser liberada oficialmente, como Unholy de Kim Petras e Sam Smith.
E quando a faixa vira uma tendência no TikTok, o que acontece? O efeito no aumento de streaming e o conhecimento de uma nova geração de pessoas perante aquela obra, não tem relação com a decisão da gravadora e do artista de promoverem a música. Normalmente, o single volta para as rádios e é adicionado em inúmeras playlists com alcance que pega milhões de usuários desses aplicativos.
Os últimos sucessos do TikTok
Podemos citar inúmeras músicas recentes que conseguiram atingir a geração mais jovem por meio do TikTok. Mas, o fato é que que quanto mais antiga é a canção mais difícil pode ser para que ocorra esse efeito. Por conta de uma das cenas mais marcantes deste ano em Stranger Things, Running Up That Hill (A Dela With God) (1985) de Kate Bush, voltou às paradas após 37 anos desde seu lançamento.
Não podemos esquecer dos singles natalinos que cada vez mais cedo retomam tabelas, com All I Want For Christmas is You (1994) de Mariah Carey liderando a Billboard Hot 100 anualmente desde 2019. Nos últimos meses, Die For You (2016) de The Weekend não fez muito barulho na época do lançamento, mas começou a crescer no TikTok neste ano e iniciou também uma subida semana após semana nas paradas oficiais de vários países. Assim como Envolver (2021) de Anitta.
Em poucos casos, essa tendência vira um problema. The Weekend mesclou Die For You com a divulgação de seu álbum Dawn FM (2022). Mas, especificamente Melanie Martinez estava divulgando o seu segundo disco K-12 (2019), quando uma canção do seu primeiro álbum de estreia Cry Baby (2015) viralizou em cima de um trecho do filme Me Chame Pelo Seu Nome, onde o ator Timothée Chalamet dançava outra música. A gravadora da artista parou de investir no projeto e focou em Play Date, que deu ótimos resultados.
Mais recentemente, Dahmer: Um Canibal Americano estreou na Netflix e fez grande sucesso, levando canções que o citam ao “cancelamento”. O que não ocorreu de fato, pois Dark Horse de Katy Perry, chegou ao bilhão no Spotify, e Cannibal de Kesha está entre as cinco canções mais populares da artista. As duas canções citam o Jeffrey Dahmer (1960-1994), que foi um assassino em série e também canibal.
Nos últimos dias, Wandinha estreou na plataforma de vídeo, e trechos da protagonista Wandinha Addams (Jenna Ortega) dançando virou tendência no TikTok com uma versão distorcida de Bloody Mary (2011) de Lady Gaga. Rapidamente, a canção que diariamente marcava 50 mil plays, passou para 700 mil em poucos dias. Se continuar a crescer pode voltar às paradas oficiais e dar mais um hit a intérprete de Shallow.
Formado pela Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL), tem experiência como jornalismo de entretenimento e cobertura de reality shows. Apaixonado por música pop, projetos audiovisuais e televisão.
