A cada nova edição do Rock in Rio o Palco Sunset se destaca pela seleção de shows de artistas da música brasileira e os encontros entre diferentes nomes que tem proporcionado momentos de muita emoção. O responsável por fazer organização deste palco e do Espaço Favela é o cantor e compositor Zé Ricardo.
O curador esteve presente entre o público da primeira edição do Rock in Rio, em 1985, aos 15 anos. Na época, ele trabalhava como office boy do Banco do Brasil e havia economizado 70% de seu salário, por mais de três meses, para comprar o ingresso para a edição histórica do festival.
E foi naquele momento que Zé decidiu seguir carreira na música. Ele já tocava violão e com a ajuda de uma “vaquinha” dos amigos do banco, comprou um violão elétrico de Moraes Moreira. Logo em seguida ele formou sua primeira banda com o filho do baiano, Davi Moraes.
“Fico muito mexido quando os portões do festival se abrem e vejo aqueles jovens correndo pelo gramado. Eu era um desses jovens na primeira edição do evento. Me sinto na obrigação de criar uma programação que abarque todos os gostos e gêneros”, disse o diretor em entrevista à Veja.
Zé Ricardo entrou para a equipe fixa do Rock in Rio em 2007 e desde 2011,é o responsável pelo Palco Sunset. O espaço começou na edição de Lisboa, ainda visto pelo público como um palco “alternativo”.
Porém, depois que ele foi incluído na edição brasileira do festival, também em 2011, foi chamando cada vez mais atenção pela qualidade dos shows e pela diversidade e possibilidades de encontros que o festival passou a oferecer ao público. Em muitas vezes, shows do Sunset foram mais comentados do que alguns shows do Palco Mundo.
Hoje o palco é tratado internamente, pela equipe do Rock in Rio, com a mesma importância que o Mundo. A prova disso, é que na programação deste ano, os shows do Sunset são intercalados com os shows do palco principal, chegando a anteceder a atração head-liner.
Zé Ricardo também é responsável pelo Espaço Favela, palco que, na sua primeira edição, em 2019, foi criticado e recebeu acusações de que estaria fazendo uma suposta glamourização das comunidades cariocas. Além disso, também houve observações de que este seria um espaço menor que impediria de gêneros característicos das favelas como o funk de terem destaque nos palcos principais.
Neste ano, a programação ganhou do novo espaço ganhou peso e está trazendo artistas consagrados como Buchecha, Ferrugem e Thiaguinho.
“Não é um palco assistencialista ou paternalista. A intenção é mostrar que a favela tem potência, artistas que podem ocupar espaço no mercado, como Ferrugem e Lexa. O cara vê o conhecido da favela dele chegar ao Rock in Rio. É uma sensação de pertencimento”, diz Zé em entrevista ao Terra.
Zé Ricardo também já está escalado para o The Town, novo festival da empresa Rock World, criadora do Rock in Rio, que terá sua primeira edição em São Paulo a partir de 2023. Ele comandará os palcos The One, cujo embaixador é o rapper Criolo, e Factory, que irão destacar a pluralidade da música e a cultura de rua.
Formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Possui passagem por assessoria de comunicação e produção de críticas musicais desde 2020 em redes sociais. Apaixonado pelo universo e cultura pop, pesquisa e produz conteúdo para o nicho desde 2019.
