Marco Pigossi conta como foi se assumir gay e impacto no trabalho

Desde que se assumiu publicamente como um homem gay, através de um post em suas redes sociais, no ano passado, Marco Pigossi tem buscado levar a causa LGBTQIAP+ para o seu trabalho. Foi o que o ator contou em entrevista concedida ao jornal O Globo, na qual fala sobre o seu processo de autodescoberta e aceitação.

Marco Pigossi conta como foi se assumir gay e impacto no trabalho (Foto: Reprodução/Instagram)
Marco Pigossi conta como foi se assumir gay e impacto no trabalho (Foto: Reprodução/Instagram)

“Eu rezava, pedia a Deus para me consertar. A homofobia é tão enraizada que, por mais que a gente assuma, ainda vai lidar com o preconceito interno. Vesti a máscara heterossexual, sempre fui observado pela beleza. Fiz esse personagem hétero para me esconder, o que deixou minha vida mais confortável. E sou branco, privilegiado, classe média, filho de médicos. Imagina quem está na favela, é negro…”, conta.

Pigossi narra que quando conseguiu se aceitar e passou a se sentir pertencente à comunidade LGBTQIAP+, ficou mais forte.

“A pessoa que se aceita e está feliz com o que é conhece uma força enorme. Se sente com poder para ocupar espaços. E o encontro com a comunidade é uma corrente bonita, a gente se sente fortalecido, cria um senso comunitário. Porque, no fundo, o que a gente mais quer é pertencer. Como homossexual, sentia que não pertencia a nenhum grupo. Todos esses corpos passam por isso. E quando passam a pertencer… É do car*lho!” 

O artista está envolvido na produção do documentário “Corpolítica” sobre candidaturas LGBTQIAP+ nas eleições municipais do Rio em 2020, dirigido e roteirizado por Pedro Henrique França. O longa teve influência direta na sua decisão de revelar publicamente sua sexualidade.

“Era a eleição seguinte à de Bolsonaro, período tenso para os LGBTQIAP+ por causa da legitimação do discurso de ódio, da campanha difamatória. Queríamos entender se o recorde de candidaturas era uma resposta a esse movimento. Porque em mim foi. O Bolsonaro e a corrente de fake news causaram em mim uma reação a essa opressão, um momento de ruptura, uma tentativa de liberdade de existir.”

Já que ele próprio nunca teve referência em quem se espelhar, à medida que se sentia forte para falar sobre sua sexualidade, Marco passou a querer ser essa pessoa. Inspirar novas gerações. E, para ele, não existe melhor caminho para atingir o objetivo do que pela arte, “que tem o poder de tocar, humanizar e fazer refletir”.