A morte da cantora Marília Mendonça, na última sexta-feira (05), ganhou repercussão internacional. O The New York Times, um dos maiores jornal do mundo, usou a palavra “feminejo” para ressaltar o poder da cantora no sertanejo, segmento musical dominado por homens no Brasil.
O jornal nova-iorquino também usou a expressão “Queen of Suffering” – uma tradução para o inglês do termo “Rainha da Sofrência”, título que a cantora ganhou por conta das suas letras que falam de amores frustrados. O perfil New New York Times, no Twitter, repercutiu a palavra “feminejo”, usada pela primeira vez, no jornal.
feminejo
— New New York Times (@NYT_first_said) November 6, 2021
Além do New York Times, a notícia repercutiu em diversos veículo como People, Billboard, nos Estados Unidos, e Clarín, na Argentina.
Rainha da Sofrência e precursora do feminejo
Com letras sobre desilusões amorosas, superação de relacionamentos abusivos, autoestima feminina e apoio entre mulheres, Marília Mendonça trouxe o termo Feminejo para o cenário desse estilo musical ainda tão masculino.
Apesar de ser uma das principais representantes dessa tendência, Marília sucedeu várias vozes femininas que começaram a ocupar o sertanejo brasileiro no início da década de 1980, como Roberta Miranda, Irmãs Barbosa e Irmãs Galvão.
A “Rainha da Sofrência” compôs e cantou várias músicas que inspiraram diversas mulheres do sertanejo a tomarem os palcos e enfrentarem o machismo ainda muito ligado a esse meio.
Há até uma página dedicado ao Feminejo na Wikipédia , a enciclopédia online mais famosa da internet. A página define o termo como da seguinte forma:
“Um subgênero da música sertaneja que enfatiza as mulheres, seja pelas temáticas femininas ou pela atuação de cantoras e compositoras. Uma de suas maiores representantes foi a cantora, compositora e instrumentista Marília Mendonça. Maiara & Maraísa, Simone & Simaria e Naiara Azevedo são outros nomes do subgênero”.
Questionada pela Folha de São Paulo sobre ser vista como uma das percussoras do Feminejo, Marília Mendonça comentou: “Sou mulher, me depilo, cuido da minha casa, então vão tirar minha carteira de feminista. (…) Mas a base do movimento, de que a mulher pode ser o que ela quiser, é essa bandeira que eu levanto. Não a modinha.”
Marcelo Argôlo é jornalista e pesquisador musical. Autor do livro Pop Negro SSA: cenas musicais, cultura pop e negritude, atua no mercado de comunicação e jornalismo musical desde 2012. Nesse período, teve passagens por redações, agências e assessorias. Atualmente se dedica ao Mix Me e a projetos de produção de conteúdo sobre música pop e negritude.