“Tudo o que me lembro é que eu, tipo, desmaiei. Quando acordei, estava nu e sangrando, então sabia que havia sido penetrado”, conta Angelo Garcia, em seu relato sobre violência sexual sofrida enquanto fazia parte do grupo Menudo, entre 1988 e 1990. O depoimento está registrado na série “Menudo: Forever Young“, sobre os bastidores da boy-band.
No documentário dividido em quatro episódios, são revelados vários casos de abuso contra os integrantes da banda latina, que foi um fenômeno mundial na década de 1980 e responsável por revelar nomes como Ricky Martin. O relato de Angelo é um dos mais chocantes.
“Eu tinha, tipo, essas marcas de queimadura do tapete no rosto… Fiquei muito confuso e não entendi”, diz ele sobre um abuso que sofreu em um quarto de hotel, após receber álcool de um homem cuja identidade é mantida em segredo. Garcia deixa claro que esta não foi a única vez em que foi vítima de agressão sexual.
“Durante meu tempo em Menudo, fui estuprado várias vezes, e era assim que os predadores sexuais se aproveitavam de mim.”
“Menudo: Forever Young” ainda traz à tona casos de bullying, escândalos com drogas e condições exploratórias de trabalho das quais os 32 jovens que integraram a “marca” foram vítimas.
O mentor do grupo, Edgardo Diaz, que é descrito como “empresário, produtor e substituto de pai” do Menudo, não respondeu aos inúmeros pedidos de entrevista para a produção. Ele nega qualquer irregularidade ou abuso durante seu tempo como gestor do conjunto fundado em 1977.
Outros integrantes relatam casos em que foram expostos a situações inadequadas, ou mesmo perigosas, ainda muito jovens, sem uma supervisão adequada.
“Uma vez estávamos na Colômbia. Estou com outro colega do Menudo, e estamos chegando ao hotel. Entramos em nosso quarto. De repente, um cara aleatório entra… E ele pega o que deve ter sido cerca de um quilo de cocaína… Então nós surtamos, porque não conhecíamos essa pessoa… Mas o cara era na verdade um dos produtores e promotores”, conta Sergio Blass, que esteve na banda entre 1986 e 1990.
Sergio foi expulso após ser preso junto com outro integrante, Ray Acevedo, por porte de maconha. Andy Blázquez, que fez parte do Menudo entre 1991 e 1997, revela que se sentia mal com a “sexualização extrema” a qual era submetido, incluindo piadas inapropriadas para a idade deles à época.
“Lembro-me de Edgardo dizendo: ‘Sabe o prazer que você sente quando está fazendo cocô? Sexo anal é assim.’”, conta.
Outros membros já haviam acusado o mentor do grupo de abuso sexual. Um deles foi Roy Rosselló, em uma participação em um programa de TV, resgatada na série documental.
Confira o trailer de “Menudo: Forever Young”:
Formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Possui passagem por assessoria de comunicação e produção de críticas musicais desde 2020 em redes sociais. Apaixonado pelo universo e cultura pop, pesquisa e produz conteúdo para o nicho desde 2019.