Nesta terça-feira (7) Emicida foi surpreendido com a notícia de que um dos exemplares do seu livro “Amoras”, foi vandalizado pela mãe de um aluno de uma escola particular em Salvador, em um ato de intolerância religiosa. O rapper utilizou as suas redes sociais para se pronunciar sobre o caso.
“Não é a primeira vez que isso acontece, de verdade. As minhas reações com relação a isso já foram várias… É de entristecer viver entre radicais que se propõem a proibir e vandalizar livros infantis. Livros. Sobretudo um tão inofensivo como esse, “Amoras”. Quer dizer inofensivo para os não racistas. Hoje minha reação a isso é de tristeza.”, iniciou o artista.
“Não uma tristeza de derrota. A história do livro, ela fala por si, ele é uma grande vitória. A repercussão dele, fala por si. A tristeza é por essas pessoas que querem que a sua religião, no caso a cristã, protestante, conhecidos como evangélicos, seja respeitada, e deve ser respeitada, mas não se predispõem nem por um segundo a respeitar outras formas de viver, de existir e de manifestar sua fé”, prosseguiu.
Amoras é o primeiro livro infantil escrito por Emicida. Ele narra a história de uma menina negra que está aprendendo sobre sua identidade e em conversas com seu pai, ela começa a ter acesso a temas ligados às culturas e religiões de matriz africana, além de conhecer personagens importantes e presentes nas lutas dos povos negros.
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O caso de intolerância religiosa aconteceu durante um evento na referida escola. A mãe de um aluno riscou exemplares, escrevendo indicações de salmos bíblicos em diversas páginas e condenando informações sobre orixás, acusando-as de serem falsas.
ABSURDO! Educação começa em casa e racismo religioso é crime. O livro infantil "Amoras", do @emicida foi vandalizado, com indicações de salmos bíblicos, pela mãe de um aluno em uma escola em Salvador. Atenção, família! Precisamos ser bons exemplos para nossas crianças. pic.twitter.com/dOXUTJolja
— Verônica Lima (@veronicalima_ve) March 7, 2023
Em sua fala, Emicida aproveitou para propor uma reflexão aos seus seguidores evangélicos e pediu para que eles respondessem a uma pergunta sobre construir um ambiente de respeito a diversidade nas igrejas e deixassem sua indignação em relação a casos de intolerância religiosa como este.
“Eu agradeço a cada uma das pessoas que comprou esse livro, dos professoras que compartilham com seus alunos, eu sei das lutas que vocês enfrentam, das pessoas de todas as cores e de toas as fés, que decidiram afirmar através deste gesto que o Brasil é imenso e nós enquanto brasileiros precisamos ser.”, declarou.
Vocês são gigantes e as nossas crianças, graças a postura de vocês também serão…Viva o candomblé, viva a umbanda, vivam as religiões de matriz africana e indígena que resistiram, resistem e seguirão resistindo em nome do respeito e da vida”, completou Emicida.
Formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Possui passagem por assessoria de comunicação e produção de críticas musicais desde 2020 em redes sociais. Apaixonado pelo universo e cultura pop, pesquisa e produz conteúdo para o nicho desde 2019.