A cantora Elza Soares morreu na tarde desta quinta-feira no Rio de Janeiro, segundo informou a assessoria da artista em comunicado enviado à imprensa.
“É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais. Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação. A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim”, diz a nota.
Com 34 álbuns lançados em quase 70 anos de carreira, Elza Soares deixa sua marca na música brasileira, e até com reconhecimento internacional. Em 1999, foi eleita pela Rádio BBC de Londres a cantora brasileira do milênio.
A morte da artista aconteceu no mesmo dia que Garrincha, seu companheiro por quase 20 anos. O jogador do Botafogo e da seleção brasileira morreu em 20 de janeiro de 1983. Elza sempre se referia a ele como “o maior amor da vida”.
Elza Soares: do planeta fome para o mundo
Com uma infância e o início da vida adulta de miséria, Elza sempre alimentou o sonho de cantar. Sua primeira aparição pública foi em 1953, no programa de rádio comandado por Ary Barroso. A história desse dia, que Elza contou diversas vezes durante a vida em entrevistas, deixa claro as dificuldades que ela enfrentou.
A jovem Elza, com 22 anos, chegou à rádio com um vestido da mãe apertado com alfinetes. Ary Barroso tentou fazer piada da imagem da menina e perguntou de onde ela vinha. Elza respondeu de pronto: “do planeta fome”. Ao final da apresentação, o apresentador declarou: “nasce uma estrela”, que hoje se apagou.
Depois desse primeiro momento, Elza emendou uma carreira de altos e baixos, mas sempre muito prestigiada. Desde 2015, ela vivia um novo momento de crescimento. Assumiu uma sonoridade mais contemporânea e atraiu um público jovem com os álbuns “A Mulher do Fim do Mundo” (2015), “Deus É Mulher” (2018) e “Planeta Fome” (2019).
Marcelo Argôlo é jornalista e pesquisador musical. Autor do livro Pop Negro SSA: cenas musicais, cultura pop e negritude, atua no mercado de comunicação e jornalismo musical desde 2012. Nesse período, teve passagens por redações, agências e assessorias. Atualmente se dedica ao Mix Me e a projetos de produção de conteúdo sobre música pop e negritude.