Daniel Alves: Defesa usa argumento condenável pela Medicina

Jogador Daniel Alves (Imagem: Reprodução)

A defesa do jogador Daniel Alves, acusado de estupro, disse à Justiça espanhola que a relação entre o atleta e a jovem teria sido consensual, ou seja, sem violência e com intenção de ambos, uma vez que a vítima estaria lubrificada durante o sexo. O advogado Cristóbal Martell usou como argumento um relatório médico do Hospital Clínic, onde a vítima foi atendida logo após o suposto crime. Médicos criticam essa abordagem.

No documento, os profissionais apontam que não foram identificadas lesões compatíveis com abuso sexual ou lesões vaginais típicas de relações sexuais secas. A ginecologista Marianne Pinotti, que conversou com o jornal O Globo, afirma que a presença de lubrificação vaginal, mesmo durante o sexo, não é sinônimo de excitação.

O jornal citou um estudo da revista científica Journal of Clinical Forensic Medicine, feito pelos pesquisadores Roy Levin e Willy van Berlo. Eles pontuaram que cerca de 21% das vítimas de abuso relatam evidências de excitação física, mesmo sob altos níveis de violência, angústia e medo.Ainda segundo o estudo, tal resposta ocorre tanto de forma psicológica quanto fisiológica. A resposta psicológica pode ocorrer quando o abusador é alguém conhecido ou até mesmo um parceiro da vítima. A resposta física ocorre como mecanismo de defesa da própria vagina durante o ato para evitar dor e lesões.

Possibilidade de condenação

De acordo com o jornal “El Mundo”, de Barcelona, Daniel Alves poderá ser condenado a uma pena de oito a dez anos de prisão. O ex-jogador do Barcelona e seleção brasileira está preso preventivamente desde 20 de janeiro acusado de estuprar uma mulher no fim do ano passado em uma boate.

Ainda segunda a publicação, e como o ge apurou, o julgamento deverá acontecer ainda em 2023, provavelmente no último trimestre.

De acordo com o El Mundo, o Ministério Público espanhol julgará Daniel Alves pelo crime de “agressão sexual com penetração”, com pena prevista entre quatro e doze anos. Fontes judiciais confirmaram à publicação que o brasileiro tem o agravante de “abuso de autoridade” e que a pena passaria de oito anos de reclusão.

A última decisão da Justiça espanhola em relação a Daniel Alves foi a manutenção da sua prisão até o fim do julgamento. O pedido de liberdade que veio da defesa do ex-atleta foi negado na última semana.