[Crítica] Rina Sawayama entrega pop criativo e cheio de referências em ‘Hold The Girl’

Desde que lançou seu primeiro álbum, Sawayama, em 2020, Rina Sawayama tem sido apontada como uma das artistas mais promissoras do pop nos últimos anos. Com isso, as expectativas para a continuidade da carreira da cantora só cresceram. Hold The Girl, seu mais novo álbum, subverte, de forma satisfatória, essas expectativas.

Rina Sawayama
Capa de ‘Hold The Girl’, novo álbum de Rina Sawayama. (Foto: Divulgação).

O segundo disco da japonesa naturalizada britânica se distância da estética e sonoridades mais underground do primeiro trabalho. Se antes Rina nos apresentava um pop mais selvagem, com elementos do rock, do indie e várias quebras de convenções; agora, ela se joga de cabeça em uma sonoridade mais tradicional, porém não menos interessante.

Só pela quebra de expectativa diante de um público curioso para saber o que viria a seguir, a cantora já ganha pontos. A satisfação só aumenta ao longo da audição de Hold The Girl. Rina se utiliza de várias referências importantes que ajudaram a moldar a música pop que é feita no século XXI, para dar forma a canções deliciosas que empolgam de primeira e soam com um frescor para a cena atual.

No decorrer das 13 faixas, Sawayama vai cruzando diferentes elementos como o eletrônico, o pop-punk, o country, o techno e o house em uma embalagem bem acessível e de fácil apelo para o grande público. Não à toa, várias canções têm um alto potencial de bombar nas plataformas digitais.

O álbum abre com Minor Feelings, faixa que faz uma boa introdução com um bom arranjo de cordas e uma performance que faz o aquecimento para o que estar por vir. A faixa-título é uma excelente peça eletropop que faz uma reverência a Madonna e a Lady Gaga.

This Hell abre com uma citação ao clássico de Shania Twain Man! I Feel like a Woman, e segue com uma ótima letra que debate a fama e a exploração midiática de grandes ícones da cultura pop: “Tapete vermelho em chamas, posando para os paparazzi / Foda-se o que eles fizeram com Britney, com Lady Di e Whitney”.

As letras da obra seguem sendo bastante intimas e trazendo passagens delicadas da vida de Rina Sawayama. É o caso de Holy que fala sobre a relação da artista com a religião. Catch Me in the Air conta a história da relação de cumplicidade entre uma mãe solo e sua filha. Send My Love To John, narra uma mãe se redimindo com seu filho por não ter compreendido sua sexualidade.

Imagining, se vai em direção ao hyperpop, enquanto Frankstein se aventura pelo pop-punk, evidenciando a pluralidade do álbum, a qual Rina consegue orquestrar muito bem, sempre fazendo tudo soar coeso. To Be Alive é uma belíssima reflexão sobre os altos e baixos da vida e a experiência acumulada ao longo do caminho.

Em Hold The Girl, Rina Sawayama mostra que está disposta a subverter expectativas em troca de oferecer uma prazerosa experiência pop. Ao mesmo tempo, a cantora deixa evidente seu amadurecimento em relação ao primeiro trabalho. Apesar de algumas faixas que poderiam ser facilmente descartadas, o disco é um pop divertido e vibrante que foge do genérico.