[Crítica] Panic! At The Disco revive pop rock nostálgico com altos e baixos em Viva Las Vengeance

É bem nítido que o rock, que até pouco tempo atrás estava sendo considerado por muitos como morto, está vivendo uma retomada por parte da nova geração de artistas pop e o retorno de alguns dos principais nomes do gênero nos anos 2000. O Panic! At The Disco entra de cabeça nessa tendência com o álbum ‘Viva Las Vengeance’.

 Panic! At The Disco
Capa de ‘Viva Las Vengeance’, novo álbum do Panic! At The Disco. (Foto: Divulgação).

Mais novo projeto da banda de Brendon Urie, a obra é uma celebração descontraída e cambaleante ao pop-rock dos anos 1970 1980. Bebendo da fonte de bandas clássicas do período, mais nitidamente do Queen, de quem o líder do grupo é fã confesso e deixa bem claro a influência da sonoridade da banda de Freddy Mercury no som do álbum.

Dentro dessa proposta, ‘Viva Las Vengeance’ tem momentos ótimos, muito principalmente por causa da performance Brendon, que soube encarnar muito bem a persona de um rockstar e se destaca com uma performance vocal impecável. Vários momentos do álbum têm bastante potencial para crescerem nos shows ao vivo.

Panic! At The Disco
(Foto: Divulgação)

No entanto o disco também sofre com alguns deslizes e pontos fracos. O calcanhar de Aquiles da obra são as letras. Em algumas canções elas são completamente genéricas e repletas de clichês. Há letras que funcionam bem como em “God Killed Rock And Roll” e a faixa título, porém, não dá para ignorar o gosto amargo de canções como “Sugar Soaker”.

Esse problema se torna ainda mais difícil de relevar quando trazemos a mente o fato de que a banda pode entregar muito mais do que é apresentado aqui. Hits como “I Write Sins Not Tragedies”, “The Balad of Mona Lisa” e “Hallelujah”, são a prova disso. Dessa forma, ‘Viva Las Vengeance’ acaba perdendo um pouco da sua força.

O álbum abre com a faixa-título, um pop-rock com uma sonoridade divertida, porém com uma letra ótima que vai para o lado oposto e usa místíca envolta da cidade de Las Vegas, onde a banda nasceu, para discutir sobre a fama. O próprio Brendon revelou que a canção aborda os seus 17 anos e o seu início na música.

O single “Midle of A Breakup” é bem executado, tem um bom poder de grudar na memória, mas sofre com versos como “você está beijando meu pescoço, beijando meu peito / Agora eu me lembro porque nos apaixonamos / Fumaça quente, parece que acabamos de nos conhecer, lábios que não consegui chutar / Querida, querida, você é minha droga favorita”.

“God Killed Rock And Roll” soa como uma “Bohemian Rhapsody” para a banda chamar de sua. É um dos melhores momentos do álbum. Ela entra em toda a discussão em volta da “morte do rock’n roll” e ganha pontos com performance de Brendon, que é um deleite e empolga, mostrando que os tropeços anteriores podem ser superados.

“Star Spangled Banger” e “Say It Louder”, são outros bons momentos que voltam a abordar o assunto da fama com passagens autobiográficas do artista e acertam na letra e na pegada pop-rock. “All by Yourself”, não por acaso lembra “All By My Self” imortalizada na voz de Celine Dion e é uma balada bem excutada.

Em ‘Viva Las Vengeance’, o Panic! At The Disco vacila em muitos momentos e parece estar mais descuidado, porém ainda entrega algumas boas e divertidas canções pop que não escondem a intenção nostálgica e tem como maior trunfo o talento inquestionável de Brendon Urie.