[Crítica] Em ‘SOS’ SZA entrega uma pérola de sensibilidade e vulnerabilidade

SZA SOS
[Crítica] Em ‘SOS’ SZA entrega uma pérola de sensibilidade e vulnerabilidade. (Foto: Divulgação).
Após um longo período de espera, SZA está de volta com o seu segundo álbum, SOS. Sucessor da excelente estreia em Ctrl (2017), a obra atende a todas as expectativas e vai além, ao mostrar a cantora que se consagrou no r&b se aventurar por novos caminhos, sem perder toda a sensibilidade.

A nova leva de 23 faixas traz a artista em momentos de vulnerabilidade, fragilidade e um olhar afiado para as inseguranças e sentimentos mais íntimos do ser humano. Aqui, a cantora vai despejando conflitos internos que podem ser relacionados tanto a questões amorosas quanto a toda experiência da cantora após o sucesso.

A solidão e, mais especificamente, a solitude é um elemento central da obra. Isso se reflete na belíssima capa que faz referência a uma famosa foto da princesa Diana, feita uma semana antes da sua morte, em 1997. SZA aparece como um ponto em meio a imensidão do mar e dá uma ideia do impacto que o conteúdo da obra nos causa.

Já nos primeiros minutos nos deparamos com Kill Bill, faixa que faz referência ao filme clássico de Quentin Tarantino e conta a história de uma vingança de um relacionamento conturbado, sem esconder a positividade e as contradições de sentimentos envolvidas. “Eu posso matar mеu ex, mas ainda o amo / Prefiro estar na cadеia do que sozinha”, diz a letra.

A raiva se mantém presente em vários momentos, porém vem sempre acompanhada de muita fragilidade, desejo e melancolia. Essa turbilhão de sentimentos pode ser notado em faixas como Seek & Destroy, Low e Love Language; com versos como “No quarto, eu estou gritando, mas lá fora, eu fico quieta“ e “Por mais que eu queira muito me manter focada, você me lembra que sou imperfeita”.

Além da riqueza das letras, o álbum também traz surpresas em sua sonoridade. Além do r&b que a cantora já domina, ela se aventura pelo rock, pelo folk e até pelo Country. Faixas como Ghost in the Machine, em parceria inusitada com Phoepe Bridgers; e “F2F” que vai para o pop-punk, mostram SZA explorando criativamente lados seus ainda não vistos.

Em Nobody Gets Me a cantora evoca seu lado mais pop em uma balada entoada pelo violão tão delicada quanto a o sentimento expresso em sua letra. “Como vou deixar você ir? / Só gosto dе mim quando estou com você / Ninguém me entende, você entende”, diz os versos.

Special e Too Late são algumas das canções mais intimas da leva. Nelas SZA vai do ressentimento a admissão da vontade de viver um relacionamento complicado e tortuoso. Tudo é colocado e cantando de uma forma a expurgar esses sentimentos e promover um amadurecimento a medida em que eles são processados.

Good Days e Shirt, faixas já conhecidas do público, voltam e aparecem já nos momentos finais do disco se encaixando perfeitamente na atmosfera ali estabelecida e ganhando  novos contornos e um frescor em meio a obra.

Em SOS, SZA comprova que a longa espera de cinco anos valeu a pena e se consolida como uma das principais artistas do r&b contemporâneo. A estadunidense entrega uma pérola de vulnerabilidade sensibilidade cantando de uma maneira muito sincera as contradições e complexidades das relações humanas.