Com ‘Midnights’, Taylor Swift, volta ao pop com álbum monótono e repetitivo

É inegável que Taylor Swift se tornou um dos maiores nomes da música pop global nos últimos anos. Com esse status, as expectativas e especulações em torno de um novo lançamento sempre são as mais altas. Com “Midnights” não foi diferente. O mais novo álbum da cantora, no entanto, apesar de ser um sucesso em sua estreia, deixa a desejar artisticamente.

Taylor Swift Midnights
Capa de “Midnights”, novo álbum de Taylor Swift. (Imagem: Divulgação).

A obra surgiu das madrugadas inquietas da artista estadunidense. Com sua reconhecida veia compositora, Taylor transformou suas angústias e reflexões intimas em uma coleção de 13 faixas pop que fazem um contraste com o tom íntimo das letras, ao se voltarem para uma sonoridade mais dançante, carregada nos sintetizadores.

Nesse sentido, “Midnights” orbita no universo entre “1989” (2014) e “Lover” (2019). Apesar de a proposta soar interessante à primeira vista, e de o álbum ter a seu favor, o fato de que é bastante coeso, na prática, essa coesão também é o seu maior problema. O que se vê são faixas repetitivas, que se assemelham demais entre si e se anulam.

A produção do fiel parceiro de Taylor, Jack Antonoff é inegavelmente um fator que agrava essa situação. O produtor, que já vem a algum tempo sendo criticados por estar repetindo uma fórmula com os artistas com quem trabalha; gerando, inclusive, conflitos com Lana Del Rey e Lorde, confirma aqui, que realmente está uma fase de desgaste criativo.

Taylor Swift Midnights
(Foto: Divulgação).

As composições retomam os elementos mais conhecidos de Taylor. Letras ácidas com muitos elementos auto-biográficos, referências e alfinetadas em personagens da sua vida e um diálogo confessional direto com o ouvinte, sobre sentimentos e observações universais.

Tudo isso se organiza em “Midnights” de forma bem cambaleante. Alguns momentos se destacam e se mostram inspirados. Porém, o que prevalece é um replay de propostas já vistas e mais bem trabalhadas em outras ocasiões.

O álbum abre com “La vander Haze” que joga contra o álbum, como uma das faixas mais fracas da leva. O single “Anti-Hero”, funciona como um hit pop, apesar de não ser grandiosa e ganha pela letra na qual a artista revela suas inseguranças: “Sou eu, oi, eu sou o problema, sou eu / Na hora do chá, todos concordam”, diz a letra.

“Snow On The Beach” uma das faixas que mais despertaram curiosidade por contar com a participação de Lana Del Rey, é decepcionante. A cantora convidada pouco aparece e quase não dá para perceber sua presença na faixa, sendo reduzida a uma backing vocal de luxo.

Entre as faixas que se sobressaem estão “Maroon”, “Vigilante Shit”, um Synth-pop que lembra a era “Reputation” (2017), com versos como: “Não me visto para mulheres, não me visto para homens/ ultimamente tenho me vestido para vingança” e “Karma”, que destaca o olhar afiado da compositora, porém de forma mais vulnerável.

Em “Midnights”, Taylor Swift retorna da experiência indie de “Folklore” e “Evermore” para um retorno pouco empolgante para um som mais pop e noturno. Mesmo com boas composições, a obra perde com uma repetição genérica de elementos da sonoridade eletro-pop dos anos 1980 e quase nenhuma variação ou novidade nas músicas.