Claudia Leitte relata ter sofrido assédio em ônibus na infância: ‘Tremor na alma’

Claudia Leitte
Claudia Leitte faz relato de assédio sofrido aos oito anos. (Foto: reprodução/Globo).

Claudia Leitte relata ter sofrido assédio em ônibus na infância: ‘Tremor na alma’

Claudia Leitte participou do programa “Encontro com Patrícia Poeta” na manhã desta quinta-feira (30) e revelou uma situação de assédio que sofreu quando tinha apenas oito anos. A cantora lembrou o tempo em que usava transporte público e destacou que casos de importunação sexual eram frequentes.

O assunto veio a tona, durante o programa, por conta do caso da vendedora Daiane Silva Costa, que registrou o momento em que foi assediada dentro de um ônibus em Belo Horizonte na última terça-feira (28). Ela passou a receber ameaças desde que denunciou o assédio e, para sua segurança, não compareceu ao “Encontro”.

Relato de Claudia Leitte

Patrícia Poeta, perguntou se Claudia Leitte já tinha vivido algo parecido. “Eu já passei por isso no transporte público muitas vezes. Mas [o que aconteceu com] a minha mãe é uma cena que não sai da minha cabeça. Eu e a minha mãe no ônibus, ela me levava pra escola, tinha uma rotina. Eu via muitas coisas acontecendo. Mas uma, mesmo eu muito jovem nunca esqueci”, diz a cantora, iniciando seu relato.

“Ela me colocava sentada e ficava com as mãozinhas em torno de mim para me proteger. Geralmente, horário de rush, hora do almoço, saída de escola, uma movimentação muito grande dentro do ônibus, e minha mãe me protegendo. Um cara encheu o saco da minha mãe de modo muito intransigente, que me assustou profundamente e eu nunca me esqueci da expressão dele.”, prosseguiu.

“Não bastasse todo aquele constrangimento, ele olhou para mim e disse: ‘Chama ela aí’. Eu nunca me esqueci disso, eu morri de medo. Eu lembro o pavor que eu senti. Quando eu vi a atitude da Daiane, foi muito corajosa, porque a minha foi de me esconder. A gente sente vergonha, eu devia ter uns oito anos, Patrícia. Mas eu nunca vou esquecer!”, conta Claudia Leitte.

“A gente passa por várias situações, e a gente aprende a se esquivar. A gente se esconde, a gente se omite. Muito embora eu veja isso com tristeza e indignação, eu acho que a gente tem sim que falar. A gente precisa se apoiar, a gente precisa cobrar, tem que ter punição. E precisa ser vista essa punição.”, enfatiza.

Patrícia Poeta conta caso

“É importante pelas mulheres de amanhã, eu era uma criança quando passei por isso com a minha mãe. Não é só desrespeitoso, é mais do que isso: é invasivo, é triste, dói. Me dá tremor na alma.”, completou a cantora. Finalizando o assunto, Patrícia Poeta também relatou um caso em que tinha sido alvo de importunação sexual.

“Só muda o endereço, mas acho que todas nós já vivemos isso. Já passei por algo muito parecido também, mais jovem, lá em Porto Alegre, quando eu ia para a escola de ônibus. E a gente fica meio envergonhada, né? “O bom é que de 2018 para cá, isso virou um crime. As penas eram brandas, hoje não. Hoje é reclusão, até cinco anos de prisão. E isso é uma conquista”, lembrou.