Bailarina Ingrid Silva relata racismo e expõe tudo em desabafo

Bailarina brasileira Ingrid Silva
Ingrid Silva (Foto: Reprodução/Instagram)

A bailarina brasileira Ingrid Silva, de 31 anos, fez um longo desabafo em suas redes sociais na noite da última terça-feira (17). Ela, que é integrante do grupo Dance Theatre do Harlem, contou que foi alvo de racismo nos Estados Unidos. 

Bailarina brasileira é alvo de racismo

Através do Stories da rede social do Instagram, a bailarina clássica falou sobre o caso de racismo que viveu na Filadélfia, nos EUA, onde relatou que um americano perguntou se ela estava lá para trabalhar como faxineira.

Ingrid, que é uma das figuras mais importantes do balé mundial e a primeira brasileira a entrar para o Dance Theatre of Harlem, mora há 14 anos em Nova York, e estava na cidade de Filadélfia para se apresentar em um teatro. Ela conta que estava com o marido e a filha, Laura, passeando em um parque, conversando em português.

“Um americano, que fala português e estava no parque onde a gente estava, viu eu falando com ela em português, e falou assim: ‘ah, é brasileira? Eu estava no Rio há duas semanas”, começou ela no relado na rede social. Segundo ela, o homem perguntou se ela morava na Filadélfia. “Eu falei que ‘não, eu não moro na Filadélfia. Estou trabalhando aqui, eu vim para trabalhar’. E aí, ele falou assim: ‘cleaning?’ [faxina?] Faxineira?'”. 

Foi então que ela indagou: “Eu falei para ele, ‘não, eu sou bailaria clássica’, e a cara dele ficou assim: uau! Por que eu não poderia ser uma bailarina clássica?”.

Em um relato, Ingrid diz: “Quando ele falou isso, me pegou de um jeito, tipo assim, choque. Em 14 anos morando em Nova York, eu nunca conversei com alguém que simplesmente assumisse, por ser uma mulher preta, que eu estaria limpando. Ou verbalizasse isso. Nada contra as pessoas que limpam, de jeito nenhum, minha mãe foi empregada doméstica, mas eu nunca imaginei que alguém iniciaria uma conversa desta forma.”

A bailarina brasileira Ingrid Silva também é autora do livro biográfico A Sapatilha que Mudou meu Mundo. Na obra, ela fala de racismo e das muitas dificuldades que enfrentou para crescer profissionalmente no balé. A artista passou onze anos pintando os próprios calçados até conquistar sapatilhas fabricadas com a cor da sua pele. Pelo feito, um par das suas sapatilhas pintadas virou peça do Museu Nacional de Arte Africana Smithsonian, nos EUA.

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