Anitta mostra em ‘Versions of Me’ que está pronta para conquistar o mundo

Depois de muita expectativa e um hit estourado nas paradas de sucessos globais, Anitta lança ‘Versions of Me’, o seu segundo álbum voltado para o mercado internacional e o quinto da carreira. O projeto se mostra ambicioso, versátil e aponta uma maior maturidade da artista em relação ao anterior ‘Kisses’ (2019).

Anitta Versions of Me
Capa de Versions of Me quinto álbum de Anitta. Imagem: reprodução/Globo.

Desde que se impôs o desafio de ser uma estrela pop internacional, a cantora carioca tem traçado um caminho tortuoso e inédito para uma brasileira. A obra chega como a aposta mais alta e sólida de uma trajetória de muitos experimentos e tentativas com diferentes resultados que finalmente começa a se consolidar. 

Desde o inconsistente ‘Kisses’, Anitta foi aprendendo mais sobre os terrenos em que estava pisando e se aperfeiçoando na construção de sua persona como artista global. Se entrelaçando entre as raízes no funk carioca, a vertente latina e a inegável vocação pop, a performer condensa todas as suas versões no novo lançamento.

‘Versions of Me’ tem esses três pilares bem marcados ao longo de suas 15 faixas. Talvez o maior acerto do disco seja a fluidez com que estes diferentes gêneros transitam de um para o outro, sem causar estranheza. 

Vale destacar também o domínio do inglês e do espanhol por parte da artista, que ajuda bastante na execução dos diferentes ritmos com naturalidade. Os momentos de mais latinidade ainda são os mais fortes, mas Anitta tem mostrado bons avanços quando parte para o pop clássico. 

É natural, no entanto, que uma obra tão ambiciosa, que mexe com diferentes engrenagens do mainstream, tenha seus altos e baixos. ‘Versions of Me’ se beneficiaria com algumas faixas a menos, eliminando momentos que soam mais genéricos e podem acabar prejudicando que a identidade da estrela fique bem consolidada.

Leia também: Anitta no Coachella 2022: mídia internacional ovaciona show da cantora

O álbum não poderia abrir de outra forma que não com o incontestável hit “Envolver”. O reggaeton sexy e contagiante merece todos os louros que vem colhendo e não teria como não ser destaque, mostrando de cara a força de Anitta como performer.

“Gata” é uma das melhores músicas da leva. A mistura de reggaeton com funk é um acerto e cresce com a produção caprichada e parceria afinada da carioca com Chencho Corleone. “I’d Rather Have Sex” caminha na direção do eletrônico promovendo um encontro do funk com um pop a la Charli XCX, com uma pitada de Doja Cat

“Gimme Your Number”, traz Ty Dolla $ign cantando os versos icônicos de “La Bamba”, e se desenrola como uma deliciosa mistura de referências latinas com o trap. Em “Love You”, Anitta tem seu momento Britney Spears e começa a adentrar no pop norte-americano. 

“Boys Don’t Cry”, apesar de não ser uma performance que se sobressaia em relação ao que vem sendo feito com o pop-rock e as referências dos anos 1980, ganha por ser chiclete e contagiante. 

A faixa-título é a melhor entre as cantadas em inglês e a canção pop mais forte lançada por Anitta até aqui. Revive o pop-eletrônico da virada dos anos 2000 para os anos 2010 e remete aos melhores momentos de Katy Perry. “Turn It Up” mostra que a brasileira também se sai bem no r&b, usando bem o tempero latino. 

“Ur Baby” é uma balada romântica que acerta na parceria com Khalid. “Girl From Rio” se mostra como uma faixa com menos força em relação ao resto do track-list e aponta que a decisão de trocar o nome do álbum foi correta, afastando as chances de que a obra fique restrita a um nicho. 

“Faking Love”, parceria com Saweetie que foi lançada como single em outubro de 2021, cresce dentro da obra e ganha uma força que não tinha sozinha. “Que Rabão”, é a única faixa em portugês, um funk raíz, que conta com a participação póstuma de Mr. Catra

‘Versions of Me’ atesta que Anitta está pronta para conquistar o mundo. Se equilibrando entre diferentes facetas, a carioca mostra que avançou muito desde os primeiros passos em direção ao mercado estrangeiro e está cada vez mais segura de que pode voar por horizontes cada vez maiores.