Ameaças dirigidas a Padre Júlio Lancellotti aparecem em bilhete na paróquia

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Ameaças dirigidas a Padre Júlio Lancellotti aparecem em bilhete na paróquia. (Foto: reprodução/internet)

No último domingo, 27, o padre Júlio Lancellotti, uma figura destacada na Pastoral do Povo da Rua em São Paulo, revelou ter encontrado um bilhete ameaçador fixado na entrada da Paróquia São Miguel Arcanjo.

Esta igreja, situada na região leste da metrópole, tem o padre como seu pároco principal.

O conteúdo do bilhete direcionava críticas e acusações ao padre Lancellotti. Acusava-o de ter interesses políticos ocultos e afirmava que ele “usa o povo para se favorecer”.

Mais preocupante ainda, o autor da mensagem deixou uma advertência perturbadora:

“Seu dia de reinado aqui vai acabar. Pode esperar”. A longa carreira do padre, focada na defesa dos direitos humanos e que já dura mais de quatro décadas, não foi poupada. O bilhete criticava-o com a frase:

“Defensor dos direitos dos bandidos”, e adicionava termos ofensivos com o intuito de amedrontá-lo.

A revista VEJA, ao tomar conhecimento do ocorrido, entrou em comunicação direta com o padre Lancellotti.

Ele confirmou que estava, naquele momento, numa delegacia registrando um boletim sobre o incidente.

Histórico de intimidações e ameaças

Lamentavelmente, esta não é a primeira vez que o padre enfrenta hostilidades e ameaças.

Sua trajetória, marcada pelo comprometimento com a população de rua, frequentemente o coloca no radar de grupos com ideologias contrárias.

O padre tem enfrentado oposição significativa em sua missão, principalmente de grupos conservadores e aqueles com inclinações extremistas, que frequentemente manifestaram desacordo e resistência às suas ações e iniciativas em defesa dos menos privilegiados.

No mês de março deste ano, ele estava conduzindo uma missa quando alguém a interrompeu inesperadamente. Um indivíduo invadiu o local e, em voz alta, acusou-o dizendo:

“Vai sustentar vagabundo”. Eles interromperam a cerimônia pouco antes da distribuição de alimentos para indivíduos em condições de vulnerabilidade.

Há registros de outros episódios igualmente preocupantes. Em 2018, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE/SP) começou a investigar as ameaças de morte feitas contra o padre.

Mais de 250 grupos, advogados, acadêmicos e ativistas de direitos humanos assinaram um documento expressando preocupação com a integridade física do padre Lancellotti, levando à adoção do procedimento.