1 ano sem Elza Soares: relembre 5 melhores momentos da carreira

Elza Soares
Elza Soares foi uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos (Reprodução/Instagram)

Elza Gomes da Conceição conhecida como Elza Soares, nasceu em 23 de junho de 1930 na zona oeste do Rio de Janeiro, casou-se aos 12 anos com um homem dez anos mais velho, Alaúrdes Soares, e foi mãe aos 13. Elza ao todo teve oito filhos e perdeu dois por desnutrição, acabou ficando viúva aos 21. 

Ao longo da carreira, Elza Soares, deu voz a sambas inesquecíveis e também abraçou as inovações contemporâneas a partir de A Mulher do Fim do Mundo. Em pouco mais de 60 anos de carreira, Elza deixou 35 álbuns registrados. Cantando gêneros diversos, do samba ao rock, e interpretando quase todos os compositores de grande nome na música brasileira.  

“Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação”, diz um trecho da nota oficial que noticiou seu óbito nas redes sociais.  

O Surgimento da Lenda 

Seu talento foi revelado em 1953, quando participou do programa Calouros em desfile, apresentado por Ary Barroso na Rádio Tupi. Mostrando um tom provocador e destemido, que marcou toda a trajetória da artista carioca, que ficou famosa, não só pela voz potente, mas também pela postura. 

“Vim do planeta fome”. A resposta de Elza Soares a Ary Barroso em seu programa de rádio, em 1953, na primeira vez em que se apresentou ao vivo, é um dos momentos mais lembrados da carreira da cantora, que faleceu nesta quinta-feira (20), aos 91 anos. 

Naquele dia, na Rádio Tupi, Elza se apresentou e emendou uma interpretação da canção “Lama”, de Paulo Marques e Aylce Chaves: “Se quiser fumar, eu fumo / se quiser beber, eu bebo”, entoavam os versos, que se tornariam marcantes. 

Cantora do Milênio

Em 1999, foi eleita pela Rádio BBC de Londres como a cantora brasileira do milênio. A escolha teve origem no projeto The Millennium Concerts, da rádio inglesa, criado para comemorar a chegada do ano 2000. Além disso, Soares aparece na 16ª posição da lista das 100 maiores vozes da música brasileira elaborada pela revista Rolling Stone Brasil. 

Segundo o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), a cantora e compositora tinha 864 gravações cadastradas. Ao longo de pouco mais de 60 anos de carreira, ela teve inúmeras músicas no topo das listas de sucesso no Brasil; alguns dos maiores sucessos incluem: Se Acaso Você Chegasse (1960), Boato (1961), Cadeira Vazia (1961), Só Danço Samba (1963), Mulata Assanhada (1965) e Aquarela Brasileira (1974).  

Reconhecimento e Aclamação

Em 2002, o álbum Do Cóccix até o Pescoço garantiu-lhe uma indicação ao Grammy. O disco foi bem recebido pelos críticos musicais e divulgou uma espécie de “quem é quem” dos artistas brasileiros que com ela colaboraram: Caetano Veloso, Chico Buarque, Carlinhos Brown e Jorge Ben Jor, entre outros.

A partir de 2008, a vida e obra da cantora começou a ser pesquisada pela cineasta e jornalista Elizabete Martins Campos, que roteirizou, dirigiu e produziu o longa-metragem My Name is Now, Elza Soares. Realizado pela IT Filmes, o filme já rodou 18 festivais, sendo destaque no Festival do Rio – Rio Internacional Film Festival.

Os Álbuns de Ouro 

No ano de 2015, Elza Soares lançou o seu disco A Mulher do Fim do Mundo, primeiro álbum em sua carreira só com músicas inéditas. O Pitchfork, um dos sites de música mais importantes do mundo, o elegeu como melhor novo álbum. No artigo, o site diz que Elza desenvolveu uma das vozes mais distintas da MPB.

Em 2017, a turnê do álbum a levou a um show no Central Park em Nova Iorque, elogiado pela crítica local, incluindo o músico David Byrne. Em 2018, Elza lançou o álbum Deus É Mulher. No ano seguinte, veio Planeta Fome, eleito um dos 25 melhores álbuns brasileiros do segundo semestre de 2019 pela Associação Paulista de Críticos de Arte.

Homenagens

  • Foi enredo da Unidos do Cabuçu, no grupo de acesso do carnaval carioca, no carnaval de 2012.
  • No carnaval de 2013, Elza Soares recebeu homenagem do Bola Preta de Sobradinho, tradicional agremiação do Distrito Federal. Enredo: Elza Soares – Planeta Fome, nasce uma Estrela!.
  • Em 2019, recebeu o título de doutora Honoris causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
  • Em 2020, Elza Soares foi enredo da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel cujo enredo foi Elza Deusa Soares. A agremiação do coração de Elza terminou na terceira colocação.