Em uma entrevista concedida à Glamour nesta segunda-feira (5), Mariana Michelini, de 35 anos, revelou uma complicação grave após se submeter a procedimentos de preenchimento labial e harmonização facial. Em 2020, ela realizou os procedimentos em uma clínica de Matão, interior de São Paulo, acreditando que receberia injeções de ácido hialurônico nos lábios, queixo e maçãs do rosto. No entanto, após acordar com o rosto inchado e dolorido, uma biópsia indicou o uso de PMMA, um componente plástico que a ANVISA aprova para preenchimento cutâneo limitado e sob condições específicas.
Mariana, que trabalhava como influenciadora digital e modelo, disse que fez a harmonização como parte de um acordo de divulgação para ajudar a profissional. “Eu era influenciadora digital e modelo, a harmonização foi em troca de divulgação. Fiz para ajudar a profissional. Até então seria o ácido hialurônico, não fui informada de nada, nem riscos. Ela [a profissional] não abriu na minha frente a embalagem, cheguei [na clínica] e já estava pronto. Foi na confiança. Não assinei nada, não vi nada. Seis meses depois, tive a reação”, explicou.
Quando procurou a profissional após desenvolver a reação, Mariana encontrou resistência e falta de transparência. “Vi ela muito nervosa, não confiei e nem ela sabia como proceder, iria pedir ajuda a amigos“. A situação deteriorou-se em junho de 2021, devastando sua vida social. “Não saio sem máscara, sinto um mix de sentimentos. Até cheguei a sair aqui na minha cidade um dia sem máscara em um show, mas senti muita vergonha, mesmo as pessoas sabendo de mim. A minha fé foi que me sustentou, busquei muito a Deus e tenho certeza que graças a ele pude ter ajuda de todos os profissionais que estão cuidando de mim”, compartilhou sobre o impacto em sua vida.
Após o tratamento inicial com antibióticos e corticoides falhar, Mariana buscou outras opiniões médicas, eventualmente descobrindo micro plásticos em sua face. Os médicos recomendaram a remoção do lábio superior e posterior reconstrução da área. Motivada por seu trauma, ela decidiu divulgar sua experiência nas redes sociais, alertando outros sobre os riscos de procedimentos estéticos não regulamentados.
Influencer que perdeu lábio em harmonização com PMMA começa a reconstruir rosto
Mariana Michelini, uma influencer de Matão (SP), enfrentou graves complicações após uma harmonização facial realizada no final de 2020. Acreditando que o procedimento utilizaria ácido hialurônico, Mariana descobriu meses depois que a substância aplicada era PMMA, um tipo de plástico. Isso levou à necessidade de remover seu lábio superior, um processo doloroso que só começou a ser revertido três anos após o incidente.
A profissional responsável pelo procedimento conseguiu uma ordem judicial proibindo Mariana de mencionar seu nome ou profissão, complicando ainda mais a situação para a influencer. A tentativa do g1 de entrar em contato com a profissional não obteve sucesso.
Depois de perder a mãe, Mariana buscou na influência digital e no modelismo uma nova fonte de renda. “A harmonização facial surgiu em dezembro de 2020. Alguns trabalhos eu cobrava e a harmonização foi em permuta. A profissional dizia que era ácido hialurônico e eu confiei nela. Fui enganada“, compartilhou Mariana sobre a origem do procedimento.
Nos primeiros seis meses, o resultado pareceu positivo, aumentando suas oportunidades de trabalho. “Quando cheguei estava tudo pronto, as seringas, não assinei nada, não vi embalagem e nem fui informada que algo de errado poderia acontecer. Fiquei linda“, recordou ela sobre o dia do procedimento.
No entanto, em junho de 2021, Mariana acordou com o rosto severamente inchado e dolorido. Ao buscar ajuda da profissional que realizou o procedimento, encontrou uma resposta insatisfatória. “Vi ela muito nervosa, não confiei e nem ela sabia como proceder, iria pedir ajuda a amigos“, descreveu Mariana sobre a tentativa frustrada de encontrar solução para o problema.
PMMA
Depois que tratamentos com antibióticos e corticoides prescritos por uma médica local não surtiram efeito, Mariana Michelini buscou ajuda com o dermatologista Carlos Roberto Antonio, em São José do Rio Preto. Inicialmente acreditando que o preenchimento era de ácido hialurônico, o médico aplicou hialuronidase, uma enzima que decompõe essa substância. Sem sucesso, uma biópsia e mapeamento facial revelaram o uso de PMMA, uma substância plástica permanente conhecida por causar reações adversas imprevisíveis e às vezes graves.
Introduzido na medicina na década de 1940, o PMMA tem sido utilizado em cirurgias craniofaciais e ortopédicas como cimento ósseo. Embora a Anvisa permita seu uso estético, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica desaconselha devido aos riscos. A venda do PMMA não é controlada, permitindo que não médicos realizem procedimentos com ele.
Mariana relembrou o choque ao descobrir a verdade sobre o material injetado: “Fiquei desesperada quando soube. Via na internet mulheres que morreram com isso”. Ela passou um ano em tratamento, incluindo laser, medicamentos e injeções de corticoide. Contudo, em maio de 2022, o desconforto se intensificou no buço.
“Vimos que o produto migrou para o buço. O dermatologista pediu para eu encontrar um cirurgião para remover“, explicou Mariana. O cirurgião escolhido foi Alberto Goldman, de Porto Alegre (RS), que realizou a remoção do lábio e buço, onde o material havia endurecido e aderido ao músculo. O procedimento incluiu também a remoção do PMMA do queixo e um enxerto para reparar a área afetada.
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Formada em jornalismo pela escola Belas artes e Cursando Pós-graduação em Redação e revisão textual pela Universidade Nova de Lisboa- Portugal
