[Crítica] Em ‘Red Moon In Venus’ Kali Uchis celebra a própria sexualidade e feminilidade

Kali Uchis
Kali Uchis celebra sua sexualidade em Red Moon in Venus. (Foto: divulgação).

Após uma excelente sequência de lançamentos com “Isolation” (2018) e “Sin Miedo (del Amor y Outros Demonios)” (2020), Kali Uchis está de volta com “Red Moon In Venus”, seu quarto e mais novo álbum da carreira. Na obra, a cantora colombiana volta a entregar um pop altamente criativo e de muita personalidade.

Ao longo das 15 faixais, o projeto volta a apresentar a essência latina da cantora imersa em referências nostálgicas que, desta vez, se voltam mais para a soul music e o r&b. Essa combinação compõe uma atmosfera meio mística, com muita sensualidade e elegância. Aqui a cantora busca em nomes como Sade, Prince e Diana Ross, o direcionamento para uma sonoridade cool, sexy e deliciosa.

“Red Moon In Venus” que pode ser traduzido como “Lua Vermelha em Vênus”, traz como tema central a livre expressão e pleno domínio da sexualidade feminina. Aqui a mulher é sempre o ponto de vista central em histórias de romances ora alegres, ora tristes, mas sempre plenas sob o olhar feminino.

Kali Uchis
(Foto: divulgação)

Como já aponta o primeiro single, “I Wish you Roses”, Kali Uchis usa elementos e símbolos do sagrado feminino para expressar a sua sexualidade sem girar em torno de um homem e estando a serviço de si mesma. “Minhas pétalas são macias e sedosas como meus lençóis / Então não tenha medo de ser picado pelos espinhos”, diz a letra.

O álbum também conta com parcerias que enriquecem a sonoridade e ajudam construir esse mosaico de referências por onde a cantora se aventura. Josh Crocker, Manuel Lara, Albert Hype, Rodney “Darkchild” Jerkins, Benny Blanco e Kendick Lamar  estão entre os produtores que passam pela obra.

“Worth The Wait” conta com a participação de Omar Apollo e mistura referências antigas e contemporâneas do r&b e do neosoul para compor uma faixa altamente sensual que deixa em evidência a química entre os dois artistas. “Love Between” recria uma atmosfera que remete as década de 1960 e 1970 e uma excelente performance vocal de Kali.

“All Mine”, cria um clima intimista e confessional através do r&b, para contar a história de um romance conflituoso, mas do qual a personagem não abre mão. “Quem é a única garota que te faz chorar /Me pergunto se dói o quanto elas tentam / Tirar de mim o que é meu, meu, meu, meu, meu”, diz os versos.

“Fantasy” conta com a participação de Don Toliver, namorado de Kali Uchis desde 2021. Juntos os dois flertam com um afropop e a cantora narra tudo o que te faz sentir prazer, com momentos que evocam indiretamente as figuras de Marylin Monroe e Madonna“Diamantes no meu pulso, essa é a minha linguagem do amor / Beijos nas minhas costas, começando no meu pescoço.”

Em “Red Moon In Venus”, Kali Uchis se mantém como um dos nomes mais criativos do pop atual, se provando cada vez mais uma referência em um pop que passa longe do lugar seguro e ao mesmo tempo contagia o ouvinte com muita facilidade. Se mostrando, sem pudor, como comandante do seu próprio desejo, com o álbum, a colombiana segue em curva ascendente em sua carreira.