Michel Teló e Tom Jobim: colunista da folha compara os compositores

“As duas canções de fato têm, para além das óbvias diferenças, muitas semelhanças”. É isso que defende Gustavo Alonso em sua coluna para o site da Folha de S. Paulo, publicada no dia 1º de outubro. Ele fala sobre as canções “Ai Se Eu Te Pego”, sucesso na voz de Michel Teló, e “Garota de Ipanema”, clássico da Bossa Nova.

Alonso é doutor em história e autor dos livros ‘Cowboys do Asfalto: Música Sertaneja e Modernização Brasileira’ e ‘Simonal: Quem Não Tem Swing Morre com a Boca Cheia de Formiga’. Ele escreve semanalmente para a Folha sobre música, com especial atenção à música sertaneja.

Michel Teló
Sucesso na voz de Michel Teló, “Aí Se Eu Te Pego” é comparada com “Garota de Ipanema” por colunista da Folha (Foto: Allan Shigueaki Mogui / Divulgação)

O colunista argumenta que há uma aproximação entre as duas canções primeiro pela letra:

“Ambas as canções têm, apesar da distinta roupagem estética, uma temática lírica parecida: a sensualidade feminina inatingível. Ambas retratam a passagem de uma mulher bonita diante de um observador que, por meio da música, manifesta seu desejo, mas não o consuma”, escreve Alonso.

Além disso, o sucesso internacional das duas canções ajudou a abrir portas Brasil afora para os gêneros que ambas representam, segundo o músico e historiador:

“‘Garota de Ipanema’ consolidou o sucesso da bossa nova no exterior. ‘Ai Se Eu Te Pego’, por sua vez, também foi a cereja do bolo da expansão da música sertaneja fora do país, ao concretizar a hegemonia interna do gênero na seara popular e mostrar para o mundo um Brasil que não era mais o país do samba”, afirma no texto.

Alonso também defende, na coluna, que há um aproximação do ponto de vista da construção de uma identidade nacional. A bossa nova de Garota de Ipanema fazia um fusão entre o samba tradicional e o jazz e mostrava um Brasil moderno em fase de urbanização.

Já “Ai Se Eu Te Pego” mostra também uma visão de Brasil, porém já era um imagem “festeiro, sensual, sede de cerimônias mundiais”, como escreve o colunista. Vale lembrar que em 2011, quando a música estourou na Europa, o país estava prestes a receber os dois maiores eventos esportivos do mundo: a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.