Carlinhos Brown relembra episódio polêmico no Rock In Rio: “foi racismo”

Após 20 anos do ocorrido, Carlinhos Brown relembra o fatídico episódio do Rock in Rio: ao se apresentar em 2001, recebeu vaias e garrafadas do público. Marcada como uma das piores reações da história do festival, o músico afirma que a recepção foi fruto do racismo.

Carlinhos Brown
Carlinhos Brown relembra episódio polêmico no Rock In Rio: “foi racismo” (Créditos: Reprodução)

Em um país de racismo velado mas violento, Carlinhos Brown trilhou e abriu caminhos ao atrelar sua musicalidade e estilo às suas origens. Quando pensamos no artista, vêm à mente, junto ao seu trabalho, todos os símbolos usados por ele para relembrar, enaltecer e evidenciar sua africanidade. Seja no The Voice ou em seus shows, o estilo e as vestimentas do cantor são sempre características.

E foi assim desde o início de sua carreira. Em 2001, no Rock in Rio, escalado para abrir as apresentações do dia, que contavam com Guns n’ Roses, Carlinhos afirma que recebeu vaias e garrafadas em decorrência do racismo, e que aquele episódio foi um dos primórdios do cancelamento.

“Precisamos de tempo para observar o que são as coisas. E o cancelamento talvez seja a síntese [daquele episódio]. E dentro do cancelamento tem tudo. Tem racismo, preconceito contra o gênero, contra a música. Eu era um artista muito mais frágil naquele momento, com expectativas gigantes jogadas naquele momento, eu já estava com música estourada, já tinha criado, com meus amigos, o axé music. Mas eu era frágil com inocências antropofagistas. Me vestia como índio, eu não queria me vestir como o cara do rock’n’roll”, declarou Brown.

Hoje em dia, o cantor entende que o episódio da época também foi uma provocação do empresário e dono do festival Roberto Medina. Seu desejo atual é provocar de volta, e ter a chance de repetir sua performance nos palcos do Rock In Rio. 

Além disso, Brown afirma que a musicalidade brasileira periférica carrega o mesmo preconceito vivenciado por ele. O funk, que tem raízes africanas, encontra dificuldades de aceitação e de entrada no mercado, por ser, nas palavras do artista, um “candomblé eletrônico”.