Se preparando para estrear em agosto na série “Não foi minha culpa“, do Star +, Lorena Comparato revelou que foi vítima de assédio sexual feito por um membro da família durante sua juventude.
“Passava a mão em mim e pedia para ver meu corpo. Eu não sabia que isso era assédio porque vinha mascarado como carinho”, contou ela, em entrevista à revista Marie Claire.
Na conversa, a atriz explicou que foi durante a pandemia, pouco antes de começar as gravações da série, sobre feminicídio e assédio, que ela se deu conta de que também havia sido uma vítima. O conteúdo a seguir relata uma série de violências e pode despertar gatilhos.
“Eu já tive experiências assim na minha vida, não foram legais. Você acha que a sua família é um lugar que você pode ter muita confiança. E eu, hoje em dia, sou muito desconfiada com tudo por causa disso. Porque já sofri assédio sexual dentro da minha família. É muito complicado falar disso, porque era uma coisa que eu não sabia que era assédio. Eu nunca falei disso antes.”
Lorena segue o relato detalhando as experiências que passou e que demorou para entender que havia sofrido assédio sexual.
“O que eu vivi foi uma pessoa que, durante muitos anos da minha vida, começou muito jovem, sempre passou a mão em mim. Passava a mão, pedia para ver meu corpo. Eu não sabia que isso era assédio, nunca soube. Era mascarado como carinho, mesmo eu não gostando e dizendo não. Foi há pouco tempo, durante a pandemia, que essa ficha caiu. E quem me ajudou muito foram as minhas amigas.”
Para o veiculo, Lorena disse que só conseguiu falar sobre o assunto publicamente depois de anos de sessões de terapia para lidar com os traumas deixados por esse e outros tipos de violência de gênero, nos quais foi submetida. “Eu começo a tremer, meu coração bate forte. Parece que estou cometendo um crime de falar isso para você”, confessou.
A artista ainda luta para conseguir lidar com as lembranças traumáticas e pontua que se afastou do abusador para conseguir se recuperar.
“Eu escolhi me distanciar [do familiar que a assediou] porque é melhor para mim. Eu acho que os agressores, em geral, não têm ideia de como isso contamina sua vida. Muitas coisas da minha vida foram contaminadas, inclusive a minha vida sexual. Estou em tratamento intenso para não permitir que isso aconteça, que invada minha vida de uma forma tão nefasta. Virou quase que minha meta ser feliz, passar por cima disso.”
Apesar da dificuldade em falar do assunto, Lorena Comparato fez questão de dizer que não quer ser vista como “coitadinha”.
“Não quero viver num lugar de vítima que a sociedade insiste em nos colocar. De frágil, coitadinha. Eu quero ser sobrevivente, eu quero falar desse assunto. Mas também acho uma dificuldade falar contra uma pessoa da sua família. Um homem mais velho. Ou você falar contra um diretor, um produtor. Seu pai, seu padrasto. De uma figura mais poderosa. Porque em muitos lugares, crianças, adolescentes e jovens denunciam esse tipo de assédio e as pessoas em volta não acreditam, ficam na dúvida. Acham que a criança está mentindo, que aquilo foi uma brincadeira.”
Formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Possui passagem por assessoria de comunicação e produção de críticas musicais desde 2020 em redes sociais. Apaixonado pelo universo e cultura pop, pesquisa e produz conteúdo para o nicho desde 2019.
