Clara Nunes, uma das maiores interpretes, de todos os tempos, do samba e da música popular brasileira, completaria 80 anos na última sexta-feira (12), caso estivesse viva. A cantora morreu precocemente aos 40 anos, em 1983, devido a complicações de uma cirurgia de varizes.
Clara começou sua carreira como caloura nos programas do Chacrinha, na TV, e logo se destacou e começou a ganhar espaço no cenário musical brasileiro. Em 1971 ela aderiu de vez ao samba e começou a ganhar uma maior projeção nacional.
A partir daí a cantora se imortalizou com sua voz potente e se tornou uma da cantoras mais populares e mais prestigiadas do país. Tendo seu legado sendo lembrado e apontado como referência por diversos artistas através dos tempos. Conheça três discos lançados por Clara Nunes que ajudam a entender sua importância para a música.
Claridade
Em 1975, Clara Nunes já estava em ascensão com o sucesso do seu disco ‘Alvorecer’ (1974), porém, naquele ano ela alcançaria um patamar ainda maior com ‘Claridade’. Muitos consideram este como o primeiro álbum solo de uma cantora brasileira a vender mais de 1 milhão de cópias.
Na obra a cantora interpreta músicas que se tornariam grandes clássicos do samba como “O mar Serenou”, “A Deusa dos Orixás” e “Juízo Final”. Clara vai dando voz a sambas de nomes consagrados como Cartola, Nélson Cavaquinho, Monarco e Candeia; e revelações da época como Ivor Lancellotti, Paulo César Pinheiro e Alberto Conato.
Canto das Três Raças
Este disco de 1976 é considerado até hoje a grande obra prima da cantora. Aqui, Clara mantém o pé no samba mas abre espaço para outros gêneros que são pilares da música brasileira e se aproxima da MPB.
O próprio título já dá um resumo da essência do álbum sobre heranças culturais dos três povos que formaram o Brasil, o branco, o negro e o indígena, deixando bem claro as diferenças de poder entre o primeiro e os outros dois e as várias manifestações de resistência a opressão.
Nação
O último álbum lançado por Clara Nunes em vida é um reflexo do amadurecimento da cantora ao longo dos anos, na medida em que a sua carreira foi evoluindo. Com um repertório primoroso e uma interpretação cada vez mais poderosa e carregada de emoção, a mineira faz aqui uma despedida a altura do seu talento, ainda que essa não tenha sido a sua intenção.
Formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Possui passagem por assessoria de comunicação e produção de críticas musicais desde 2020 em redes sociais. Apaixonado pelo universo e cultura pop, pesquisa e produz conteúdo para o nicho desde 2019.